“Um homem bateu-me à porta e disse que era duma operadora. Desde esse dia fiquei em pânico”

GNR alerta para criminosos que oferecem serviços de telecomunicações. Manuela foi uma das vítimas deste esquema.

Em plena pandemia de covid-19, as burlas parecem não cessar. Na sua página de Facebook, a Guarda Nacional Republicana (GNR) alertou para a existência de criminosos que se fazem passar por profissionais de operadoras de telecomunicações para enganar a população mais frágil.

 

O golpe

Manuela (nome fictício) reside na região da Grande Lisboa e nem a idade quer revelar por medo de cruzamento de dados. É idosa, viúva e vive sozinha num apartamento. Como tal, tenta ter cuidados redobrados naquilo que diz respeito à sua segurança. Contudo, há duas semanas tocaram à campainha e não foi à janela verificar quem era.

“Não sei por que motivo não tive essa reação, porque vivo num primeiro andar e poderia ter visto se conhecia a pessoa em questão, mas não me lembrei”, recordou, confessando que pensou “que se tratava do carteiro” e abriu a porta da entrada do prédio.

“Um homem bateu à minha porta e disse que era de uma operadora e que substituiria o meu router por um mais moderno. Não percebo muito de tecnologias e achei que pudesse ser uma ordem superior, da chefia, uma simples atualização dos equipamentos do cliente”, lembrou a mulher, que contrata estes serviços para ter internet disponível para os netos, que a visitam regularmente.

“O indivíduo vinha com uma mochila, tirou várias ferramentas da mesma e passou-me um cabo elétrico para as mãos”, afirmou, adiantando que ele esclareceu que “ia ver algumas ligações e foi para a sala”.

Numa “questão de segundos”, o indivíduo disse “que estava tudo bem e não era preciso fazer nada”. Todavia, quando o burlão se foi embora, Manuela teve “uma sensação estranha” porque se lembrou de que não havia pedido qualquer identificação ao alegado funcionário.

“Tive o instinto de me dirigir à minha mala e constatei o pior: não tinha os cartões de crédito, de débito nem dinheiro. Só fiquei com os documentos”, elucidou a vítima do novo golpe.

 

O medo

Segundo a GNR, os principais alvos deste género de burla são os idosos “que vivem em zonas isoladas”, sendo o objetivo dos criminosos “furtar ou roubar as poupanças de uma vida”.

A Guarda elucidou igualmente que o modus operandi passa por “dar conta da oferta de serviços de telecomunicações”. Neste sentido, avisou que “os funcionários das operadoras de telecomunicações” não se dirigem a casa dos cidadãos.

“Sinceramente, não faço ideia de como ele foi capaz de me ‘cegar’ e mexer nos meus pertences”, constatou Manuela. “Mas a verdade é que as pessoas a quem conto aquilo que me aconteceu dizem-me que, dentro do azar, tive muita sorte, porque ele podia ter-me feito mal se mostrasse resistência ou até ter-me asfixiado com o cabo que segurava”, declarou com amargura.

“Já fiz queixa e, se visse esse homem à minha frente, saberia identificá-lo. Desde esse dia fiquei em pânico, tranco a porta, volto a verificar se está trancada e estou sempre ansiosa”, concluiu.