Autoeuropa. Sindicato acusa empresa de aumentar precariedade

Em causa está a contratação de 200 trabalhadores temporários. SITE SUL defende contratação com vínculo efetivo e readmissão de trabalhadores, cujos contratos não foram renovados em 2020.  

O sindicato SITE SUL aponta o dedo à Autoeuropa por estar a recorrer a trabalhadores temporários com o objetivo de aumentar a produção da fábrica de Palmela. De acordo com a estrutura sindical, “a administração deve contratar com vínculo efetivo e readmitir, também como efetivos, os trabalhadores que despediu em 2020”, refere num documento a que o i teve acesso. 

O sindicato lembra “que há vários meses que, por motivos diversos, faltam trabalhadores nas linhas de produção e com as equipas a trabalhar no limite, a administração fez exatamente o contrário do que seria necessário: no ano de 2020, despediu cerca de 200 trabalhadores contratados a prazo, para depois recorrer à contratação de trabalhadores temporários em condições precárias, invocando a necessidade de reforçar as equipas”.

E agora com o aumento do número de trabalhadores ausentes nas linhas, devido à covid-19 e à prestação de assistência a filhos menores por causa do fecho das escolas, acusa a Autoeuropa a voltar a aumentar a precariedade na empresa, com o recurso a mais trabalhadores temporários. “Alguns destes irão trabalhar durante um curto período para a substituição de trabalhadores ausentes devido a isolamento profilático ou doença”, salienta.

De acordo com o SITE SUL, novos trabalhadores devem ser contratados diretamente pela VW Autoeuropa, com as mesmas condições que os restantes trabalhadores, e não através de uma empresa de trabalho temporário, “que visa apenas o lucro e a exploração, que pratica salários mais baixos e disponibiliza piores condições de trabalho, como por exemplo, o não pagamento do subsídio de turno, a falta de formação e de realização de exames médicos de admissão, exigidos por lei, a estes trabalhadores, entre outras matérias”, acrescentando que a empresa “tem condições para garantir a totalidade do salário aos trabalhadores que tenham necessidade de prestar assistência aos filhos menores de 12 anos, tal como fez quando recorreu ao layoff simplificado”.

A estrutura sindical apela aos trabalhadores para participarem na ação de luta nacional, que a CGTP-IN convocou para dia 25 e que integra uma manifestação em Setúbal, às 10 horas. “É inadmissível o aproveitamento, pelo patronato e pelo Governo, da situação de pandemia para atacar os direitos e salários dos trabalhadores, desregular os horários de trabalho e aumentar a precariedade laboral. Tal atitude exige uma resposta firme de contestação por parte dos trabalhadores e a reivindicação de melhores condições de vida e de trabalho”, salienta a comissão sindical.

Recorde-se que na semana passada, a fábrica de Palmela conseguiu contratar trabalhadores temporários para ocupar o lugar dos 200 operários e retomar, desta forma, os 19 turnos de laboração por semana: laboração contínua nos dias úteis e dois turnos ao sábado e ao domingo. A linha de montagem também vai sair reforçada, com a produção, em média, de cerca de 900 automóveis por dia de segunda a sexta, e de 1240 unidades por cada fim de semana (620 ao sábado e ao domingo).