Maioria das empresas diz que apoios do Governo não são suficientes

Dados da CIP revelam ainda que o mês de janeiro foi “terrível” para as empresas.

A grande maioria das empresas (85%) considera que os apoios do Estado para mitigar os impactos da pandemia de covid-19 não são suficientes. Esta é uma das principais conclusões do inquérito da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE que revela ainda que 60% dos empresários optou por não aderir aos apoios do Governo.

O inquérito é relativo ao mês de janeiro, mês que trouxe um novo confinamento ao país e que se mostrou “terrível” para as empresas portuguesas.

“Houve uma deterioração das condições de atividade económica de forma muito relevante em janeiro”, disse Óscar Gaspar, vice-presidente da CIP, durante a apresentação do inquérito, acrescentando que foi um “terrível mês de janeiro para as empresas”.

Quanto aos apoios, o responsável não tem dúvidas: “Há uma deficiente definição dos apoios, que por si já são escassos, e mesmo os que existem não tem capacidade de acorrer às empresas portuguesas”.

Dos empresários que não apresentaram candidaturas aos apoios, 47% consideraram não preencher as condições de elegibilidade. Já das 40% que se candidataram, 65% obtiveram resposta positiva, 28% ainda aguardam resposta e 7% viram a candidatura rejeitada.

Nas falhas relativas aos programas de apoio, Óscar Gaspar recordou a suspensão dos programas Apoiar.pt e Apoiar Restauração, defendendo que “são exemplos do que não devia ter acontecido”. O responsável disse que muitas empresas dos setores da restauração e hotelaria não conseguiram submeter as candidaturas a tempo e sugere que, além da prorrogação quinzenal do estado de emergência, “devia também haver a prorrogação das medidas de apoio com aquilo que é a perceção do aprofundamento da crise”.

O inquérito, realizado numa amostra de 519 empresas, revela também que o número de empresas em pleno funcionamento baixou de 85% para 67% em apenas um mês. Já as empresas fechadas aumentaram de 2% para 9%, tendo aumentado também o número de empresas parcialmente encerradas de 13% para 24%.

Mais de metade dos inquiridos (51%) considera ainda que as medidas sanitárias para combater a pandemia são adequadas.