Ana Bárbara Pedrosa: “Escondia os meus textos a sete chaves”

Tem 30 anos e, desses, já viveu mais ou menos 20 a escrever. Estreou-se com Lisboa, Chão Sagrado, em 2019, um romance que a afirmou como uma das novas vozes da ficção portuguesa. Agora, dedica-se à escrita de Palavra do Senhor, livro em que a relação de Deus com Maria é repensada.

Ana Bárbara Pedrosa: “Escondia os meus textos a sete chaves”

Nasceu em Vizela, no distrito de Braga. Como despertou para a literatura?

Cresci no meio de livros. O meu avô tinha uma livraria – a única com literatura em Vizela – e sempre tive um contacto muito próximo com os livros. Ainda antes de saber ler, a minha mãe contava-me histórias. Uma vez, perguntei-lhe se o dia mais feliz da vida dela tinha sido o do meu nascimento. Não foi. Foi o dia em que aprendi a ler, porque lhe dei tempo. De resto, como a minha família passava os dias na livraria, eu passava muito tempo lá também. Também passava muito tempo sozinha, porque a minha mãe trabalhava e chegava a casa às onze da noite, e entretinha-me a ler. Posteriormente, descobri a biblioteca municipal e fiz dela a minha segunda morada oficial.

Qual foi o primeiro livro que leu? Não me lembro. Mas lembro-me do primeiro livro para adultos que li. Foi O Estrangeiro, de  Albert Camus, e lembro-me de estar a devolver o livro à prateleira e de pensar a frase «Que livrinho engraçado». Uns tempos depois, vi o meu pai a lê-lo e perguntei-lhe por que estava a ler um livro para crianças. Não devo ter percebido bem o livro – ou nada –, mas o desconcerto daquilo ficou a fazer eco.

Quando começou a escrever? Na escola primária, já gostava de Português. Lembro-me de que, no final da primária, pelos 9 anos, fazia alguns exercícios de composição, pequenas redações. Punha um certo aprumo nisso, mas a partir do 5º ano comecei a treinar-me obsessivamente. Na altura, escrevia mais poesia. Impunha-me um planeamento, quase como quem treina para jogar futebol, e cumpria-o. Aí já era claro que estava a treinar a mão para escrever.

Alguma vez publicou os seus textos online ou partilhou-os com os seus amigos e familiares, por exemplo?

Guardava os textos a sete chaves. Nem era guardá-los, era escondê-los mesmo. Sentia que algumas daquelas coisas eram treino e, portanto, não tinham coesão para serem lidas. Mas também havia a componente de eu sentir que era um lado da minha vida privado. E não é que os poemas fossem biográficos ou confessionais, mas era uma coisa que fazia sozinha. E aí treinava hipóteses, mas, acima de tudo, podia escrever o que me apetecesse, dentro da ficção, sem ter alguém a questionar a veracidade do que lá estava. Nunca tive blogues para textos literários, mas, algure entre o ensino secundário e a licenciatura, participei em alguns de discussão política. Nunca de literatura.

Tirou a licenciatura em Línguas Aplicadas na Universidade do Minho. Foi a sua primeira opção?

Foi. O principal motivo foi até ingénuo. Era o curso com mais línguas estrangeiras e eu assumi que, quantas mais línguas falasse, mais literatura teria disponível. O problema é que não gosto de ler noutras línguas e nessa altura ainda não me tinha apercebido disso. Falo inglês fluentemente, mas a relação que tenho com o texto literário em inglês é a mesma que a de qualquer pessoa que não goste de ler. Sinto uma distância emocional demasiado grande, o texto transforma-se só em instrumento de ação ou veículo de sentido. Posso ler livros de História ou ensaios, porque, nesses casos, interessa-me só o conteúdo, não a estratégia de narrar. Com literatura, distraio-me logo. Dentro das línguas estrangeiras, até prefiro ler em castelhano, apesar de falar melhor inglês. Com o francês varia, porque é mais próximo do que o inglês, mas sou muito menos fluente.

Como é que essa epifania, digamos assim, se traduziu no seu percurso?

Logo no primeiro ano da universidade houve gente, até professores meus, a achar estranho que eu não tivesse ido estudar Literatura. Olhando para trás, foi a única opção possível, já que eu ainda tinha uma barreira em relação às leituras impostas. Mesmo no secundário, quando era preciso fazer fichas de leitura, escolhia livros que já conhecia bem porque a ideia de ler um livro como tarefa impedia-me de estar atenta. A ideia de ter as leituras disciplinadas quebrava o encanto dos livros. No mestrado, isso já estava ultrapassado.

Na adolescência tinha amigos igualmente apaixonados pela literatura?

Nenhum. Só há poucos anos comecei a ter. Até aí, era um interesse alimentado a sós. Não tinha ninguém com quem falar de literatura e muito menos de escrita. Mesmo na Universidade, alguns colegas até se riam quando me viam com livros debaixo do braço. 

Reparei, por exemplo, que integrou o Conselho Pedagógico do Instituto de Letras e Ciências Humanas e participou num programa de verão da Drexel University, em 2009. Como foram estas experiências?

Nada de especial. Ou seja, a participação no Conselho Pedagógico era uma atividade quase política. Estive lá um ano e é engraçado ver como uma universidade funciona por dentro e tentar influir nalguma coisa. Em relação ao verão nos EUA, foi no final do primeiro ano da licenciatura, tive uma bolsa Fulbright, estive lá cerca de mês e meio. As aulas não foram nada de especial, mas conheci lá o meu parceiro de viagens. Já fomos a uns 30 países juntos. Escrevi sobre isso na LER, Viagens com o Mehdi. A partir daí, também deu para perceber que o mundo não era uma coisa assim tão distante. Foi a segunda viagem internacional que fiz, tinha ido a Londres no ano anterior. Como sou do Minho, ir à Galiza não conta como ir ao estrangeiro. E, de repente, estava nos EUA, voltei, e logo a seguir fui a França e à Suíça. Fiquei com vontade de viajar e a gostar muito desta ideia de descentralização e de me sentir anónima num lugar qualquer.

Tornou-se cidadã do mundo.

Isso somos todos. Mas ir à China ou a Jericó passou a ser possível.

E de que forma estas viagens a auxiliaram a estruturar as narrativas, a desenvolvê-las com outra fluidez?

Desse ponto de vista, não ajudaram. Aprendo a fazer, quando estou na sala, sozinha, a estudar literatura e a ensaiar hipóteses. Mas claro que humanamente servem para me moldar. Se olhamos para a literatura como uma forma não só de espelhar o mundo, mas também de participar nele, então, importa conhecê-lo, não ficarmos acantonados na nossa casa, no nosso círculo, no nosso umbigo, não achar que a pequena dor à portuguesa é a última bolacha do pacote. Uma parte muito considerável da literatura coetânea tem sido a do homem branco de classe média que está muito amargurado porque a namorada lhe deu com os pés. A auto-ficção tem feito da literatura um espelho de misérias. Eu acho que isso é um cancro, a antítese do que deve ser a literatura, um umbiguismo que faz da relação dialógica uma consulta de psicólogo. Sair de casa para ver coisas e depois contá-las, sairmos de nós para podermos ser outras cabeças, é o que legitima a literatura. É o que a engrandece e justifica e o que faz dela o que nenhuma outra coisa pode ser.

Em 2012, rumou a Lisboa para iniciar o mestrado em Estudos Portugueses. Com que ideia partiu para este segundo ciclo de estudos? Já tinha o seu percurso profissional idealizado ou foi à descoberta?

Mais ou menos. Tinha a ideia de acabar a licenciatura e estudar Literatura. Todos os professores perguntavam por que é que eu não tinha ido para Literatura e os meus colegas já reviravam os olhos no terceiro ano. Mas era quase um limbo: os do meu curso achavam que eu pertencia ao outro; os do outro achavam que eu pertencia ao meu, porque estava lá. Candidatei-me ao mestrado em Teoria da Literatura na Universidade do Minho, mas, quando decidiram não abrir o curso, já não fui a tempo de me candidatar a outro noutra Universidade. Por isso, pedi transferência para Estudos Ingleses. Fui às aulas durante duas semanas, depois desisti. Entre mim e a linguagem literária em inglês estava um abismo.  No final desse ano letivo, vim para Lisboa, para a FCSH. Pesaram dois fatores: havia desconto nas propinas para quem tinha média de licenciatura superior a 16 valores – era uma condição muito pragmática – e estava entre Guimarães e Braga a sentir a necessidade de estar deslocada, num sítio que não conhecia e fazê-lo meu. Vim para Lisboa e ainda cá estou.

Teve 18 valores com a dissertação O amor e a rejeição de Eros em Folhas Caídas de Almeida Garrett, e foi orientada pelo escritor Nuno Júdice. De que forma este trabalho a influenciou a explorar o amor e o sexo de forma mais livre?

De forma nenhuma. Escrevi sobre o Folhas Caídas, entre 2013 e 2014. Quis estudar este livro, que era uma das grandes obsessões da minha infância. Quando andava no 6º ano, li o livro, todos os dias, de uma ponta à outra. Cheguei a saber o livro de cor. Chegada à universidade, quis trabalhá-lo por ter uma relação muito próxima com ele. Acho muito difícil transpormos um livro de 1853 para a atualidade, principalmente em termos estéticos. Gosto muito do Garrett e da forma como ele escreve, do modo como usa a rima, daquela sonoridade rítmica, mas não é o tipo de escrita que quero ter. A partir de uma certa altura, é muito difícil estabelecermos essas influências. Tenho 30 anos, treino-me para escrever há mais ou menos 20. E, ao longo desse tempo, fui treinando de maneira diferente. Ainda no outro dia, estava a pensar que, quando escrevia poemas, em criança, fazia-o de uma forma quase camoniana. Usava a palavra ‘asinha’, por exemplo. Anacrónico, mas era a influência que tinha. E, quando descobri a questão da métrica, gostei da ideia da fórmula e do encaixe, e só escrevia assim. Era uma questão de teimosia. Se estivesse a fazer um teste de Português e tivesse de escrever prosa, escrevia-a, mas a rimar. Os outros a fazer os exercícios de gramática e eu muito empenhada a contar as sílabas. A influência do Garrett existe enquanto leitora e potencial de literatura, ao perceber o que é possível fazer com uma série de ferramentos. Em Folhas Caídas, conseguiu juntar o suposto romantismo à ironia, introduziu uma série de facadinhas de amante ressabiado. Gosto disso, e de usar a ideia de coisa traída, de pequenas vinganças e cinismos na literatura, a ideia de coisa escura que existe nas pessoas.

Qual é a obra que teve mais impacto em si?

É difícil fazer um ranking, mas posso referir, como poderia referir outros, Viver Para Contá-la, do Gabriel García Márquez, que li obsessivamente. É um livro de memórias em que foca muito a escrita e o caminho que trilhou. Fala muito das influências que teve e li todos os livros que referiu. E gostei da forma como fala da literatura, da escrita como ofício, um trabalho a sério – não a fantasia de um talento intransponível que faz tudo sozinho. Li-o pela primeira vez com 14 ou 15 anos. Como não tinha amigos que liam ou escreviam, o livro foi uma espécie de parceiro.

Entre 2013 e 2014, tirou a pós-graduação em Linguística. Sentiu necessidade de aprofundar tópicos como o da sintaxe, o da semântica, o da linguística forense ou da teoria da literatura?

Na licenciatura, tive algumas aulas de linguística, mas poucas. Sabia umas coisinhas e achava divertido ler livros sobre verbos. Naquela altura, quis sistematizar conhecimentos e consolidá-los. Fiz isso durante o ano em que escrevi a tese do mestrado. Foi um ano engraçado. Também tinha três empregos e uma assembleia municipal.

Entre 2014 e 2017, viveu no Brasil e tirou o doutoramento na Universidade Federal de Santa Catarina. Como é que decidiu o tema da sua tese final – Escritoras portuguesas e Estado Novo: as obras que a ditadura tentou apagar da vida pública, orientada por Maria Bernardete Ramos Flores e João Teixeira Lopes – e de que forma a encara alguns anos depois?

Foi muito pragmático. Não é que eu quisesse esse tema ou tivesse uma grande paixão por ele. Vi o anúncio da bolsa e a lista de universidades com protocolos com alunos europeus. Não havia nenhum curso em literatura, mas pensei que talvez conseguisse encaixar um projeto de investigação em literatura nalgum. Havia um doutoramento em Ciências Humanas, uma coisa tão ampla que não quer dizer nada, mas que tinha as vertentes da Condição Humana na Modernidade e dos Estudos de Género. No segundo, consegui encaixar uma projecto em literatura. O doutoramento não era em literatura, mas fiz todas as opcionais em literatura, assim como um estágio de docência.

Entre 2017 e 2018, tirou a pós-graduação em Economia e Políticas Públicas. Transpôs alguma coisa daqui para a sua escrita?

Não. Distingo muito bem texto académico de texto político e de texto literário. A pós-graduação passava mais por um debate de ideias, por entender mecanismos do mundo, que não são necessariamente coisas que quero tratar na literatura. A ideia de literatura argumentativa ou que tenta provar alguma coisa, até panfletária, faz-me confusão. Um escritor que tenta dar uma lição diminui-se logo aos meus olhos.

Atualmente, trabalha como linguista num projeto da Google, é crítica literária no Observador e ainda revisora e tradutora. Como conjuga todas estas atividades e ainda lhe sobra tempo para ler e escrever?

A minha vida é tão desinteressante que até tenho algum pudor em falar sobre ela. Sou daquelas pessoas às quais o confinamento não faz grande diferença. Trabalho, vou ao ginásio duas vezes por dia, janto e dedico-me à literatura. Durante o primeiro confinamento tinha aulas online de francês e norueguês, mas depois cansei-me de estar tanto tempo metida no ecrã. Agora, como há mais um confinamento a sério, lá se vai o ginásio.

A sua passagem pelo Brasil influenciou a criação de Lisboa, Chão Sagrado, lançado em 2019? Sim. Havia a questão de eu estar lá, conhecer o meio, poder fazer as descrições, explorar pormenores a que não dá para ter acesso a partir de Portugal. Por exemplo, a sensação da humidade do corpo e personagens e modos de ver que não conseguiria criar se não tivesse lá estado. Também existe um capítulo passado na Palestina que vem mais ou menos no mesmo sentido. A personagem não é igual a mim, mas pude transpor um cenário que calquei. Há pormenores que marcam a diferença: pôr alguém no Brasil a comer biscoito Globo em vez de bolachas Chipmix. Também usei o português do Brasil sempre que me referia ao cenário do Brasil ou às personagens brasileiras, pareceu-me uma técnica eficaz para conseguir transportar o leitor para o cenário. O problema da ficção não é ser inventada, é parecer inventada.

Eduarda, Mariana, Noé, Matias e Dulcineia. Nutre uma relação especial por alguma destas personagens? Ou, por outro lado, tenta afastar-se do conteúdo que cria assim que o publica?

Ganho asco àquilo que escrevo. Quando acabei o livro, achava que nunca mais iria voltar àquele ambiente nem àquela gente. Pensei que a história estava contada. Pelo menos, a parte da Mariana, da Eduarda e do Matias ficou resolvida. Uns tempos depois, até pensei que poderia voltar ao universo, recuperar algumas personagens. Toda a gente odeia o Noé, mas é o meu preferido. Permite-me fazer muitas coisas diferentes, o passo seguinte nunca é previsível. Ou seja, é mais do que aquilo que escrevi. Apesar disso, após o Lisboa, Chão Sagrado, tive um corte quase absoluto com a narrativa – o ambiente, a estética – e escrevi o Palavra do Senhor, que deve sair em março pela Bertrand. É um ambiente bíblico, tem outro tipo de vocabulário e de ritmo. Gosto de ir explorando os potenciais da língua.

É autocrítica?

Muito. E quando envio alguma coisa minha a alguém, antes de ser publicada, peço que digam mal do texto sem complacências. Não me interessa que me digam que está muito bom e muito bonito. Interessa-me perceber onde é que há fragilidades no texto. Acho que gosto tanto de escrever numa folha em branco como do momento em que encontro as falhas e me lanço a elas. Dá um certo prazer sentir que se corrige, que se está a pôr uma coisa bem e certa. Ninguém está à espera de que um escultor trabalhe sem limar e na escrita é preciso fazer o mesmo. Acho que muitos escritores têm uma relação de ego com a escrita e não aceitam críticas, talvez porque, socialmente, se impôs a ideia ingénua do «talento» à necessidade pragmática de se trabalhar um texto.

O que pode adiantar acerca do Palavra do Senhor?

Está dividido entre uma versão do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento. Parte da Bíblia como é conhecida na nossa cultura – usei essencialmente as traduções do Frederico Lourenço, mas li outras também – e o narrador é Deus. Assume alguns dos aspectos canónicos, mas tive a liberdade de fazer o que me apetecia, e de pôr as histórias do cânone ao serviço de uma outra ideia. No caso, repensei a relação de Deus com Maria para fazer outra proposta. Passa a ser Maria a ditar o início do Cristianismo e o filho dela passa a ser o instrumento. No cânone, é o contrário: Jesus é humano em pleno, Maria é um instrumento. No meio disto, Deus acaba por se humanizar com a existência humana.

É religiosa?

Não, sou ateia. Mas fui criada como católica, até andei na catequese. Estive para pedir a apostasia, mas isso seria desistir do sonho de ser excomungada. A Bíblia e o catolicismo, em geral, fazem parte do meu imaginário e das minhas referências culturais. Mas, desde que comecei a ver o que eram os dogmas, não tive como não os questionar. A ideia surgiu-me e agarrei-a. Escrever o livro foi divertido porque usei uma prosa  muito mais contida do que a do Lisboa, Chão Sagrado. É um exercício engraçado e essa contenção exige uma certa plasticidade. Isto para mim é importante, porque nem quero estar a escrever sempre o mesmo livro nem a repetir fórmulas. Cada livro tem de ser uma aventura. Não tem de ser óbvio desde o início que eu vá ser capaz de o fazer. Só no fim.

Os jovens portugueses leem cada vez menos? Em 2019, a maioria dos 7.469 alunos inquiridos num estudo do Plano Nacional de Leitura e do ISCTE admitiu ter lido menos de três livros por prazer nos 12 meses anteriores ao inquérito. Isto preocupa-a?

Não sei se será uma questão de juventude, talvez seja de cultura. A cultura é muito marginalizada em Portugal, principalmente para quem a cria. Muita gente acha um desperdício gastar dinheiro em livros, mas também não se apercebe de que esse dinheiro, para além de todos os custos associados à produção do livro como objecto (editores, tradutores, revisores, paginadores, capistas), também paga o tempo dos autores. Escrever um livro demora meses ou anos e o livro continua a ser visto como capricho ou como passatempo de anti-social.