AHP. Hotelaria vive crise sem precedentes e recua a 1984

Para Raul Martins não haverá retoma sem as empresa do setor e acredita que “turismo pode voltar a ser motor da retoma da economia”.

Para a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) não há dúvidas: a hotelaria vive crise sem precedentes sem as empresas do setor “não haverá retoma do turismo e o turismo pode voltar a ser o motor da retoma da economia portuguesa”. Uma situação que não surpreende a entidade liderada por Raul Martins ao garantir que tem vindo a monitorizar o impacto da pandemia. “Logo em março de 2020, tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros, até junho. Mas já no final do ano passado o cenário apontado, tendo como base os resultados de 2019, era ainda mais catastrófico: quebra de 70% nas dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, alojamento e outras, o que equivale a menos 3,6 mil milhões de euros. Isto só considerando a hotelaria”.

De acordo com a entidade, os dados do INE revelam que, em 2020, entre as várias formas de alojamento, a hotelaria e os hostels destacaram-se pelas quebras brutas com reduções de 64,5%, e 66,4%, respetivamente, muito superiores às registadas pelo alojamento local e pelo turismo no espaço rural e de habitação.

 “Igualmente grave é o impacto que ocorre nos diversos destinos. Como a AHP também já tinha previsto, as maiores quebras são e serão nos destinos urbanos e o especial impacto no principal destino religioso. Mais uma vez os números do INE revelam que Lisboa teve uma quebra de 76%; o Porto de 72% e Fátima ainda sofreu uma maior hecatombe, com uma redução de 78% nas dormidas, que se deveu principalmente ao colapso das dormidas de não residentes: menos 88%”, refere a AHP.

Raul Martins esclarece que “2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984. Mas 2021 não será melhor. A situação da hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso.

As empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes, e neste momento não conseguem honrar os seus compromissos com os ordenados, os fornecedores e os impostos. Não nos podemos esquecer que as empresas hoteleiras empregam cerca de 90 mil profissionais, o que corresponde a 30% de todos os profissionais do setor do alojamento e restauração. É uma grande fatia que não pode ser descurada”, refere. E o presidente da AHP garante: “se não existirem apoios urgentes, não será ‘apenas’ o setor hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia.”

Face a esse cenário, a associação já solicitou ao Governo a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria e medidas financeiras e fiscais exclusivamente dirigidas às empresas hoteleiras, assim como a isenção da TSU. Até lá diz que “aguarda a prorrogação urgente das moratória dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento ‘covid-19’ e dos demais créditos bancários”.