Mota-Engil abre caminho a grupo chinês

A multinacional chinesa CCCC requereu à CMVM a confirmação de que o acordo que lhe permite controlar 30,01% da construtora não pressupõe uma OPA. A família Mota agendou reunião para alterar estatutos e garantir que o negócio não cai.

A Mota-Engil continua a não poupar esforços para garantir a entrada da China Communications Construction Company (CCCC), a quarta maior empresa mundial, no capital social da construtora. O conselho de administração da construtora agendou esta semana uma assembleia geral extraordinária para o dia 19 de março, que tem como ponto único «discutir e deliberar sobre a alteração parcial do contrato social da sociedade». Na prática, o objetivo é garantir que o negócio fica fechado sem que o grupo chinês seja obrigado a lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). Em simultâneo, a própria CCCC requereu formalmente à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a confirmação de que este acordo não impõe uma OPA «na pressuposição de que os estatutos da Mota-Engil serão reformulados». O regulador, por sua vez, mantém-se em silêncio face a estas movimentações

Recorde-se que a CCCC chegou a acordo com a Mota-Engil em agosto de 2020. A multinacional chinesa vai adquirir 23% do capital da construtora (55 milhões de ações) através da holding Mota Gestão e Participações (MGP), num negócio de 169,4 milhões de euros.

Além disso, ficou acordado entre as partes que será feito um aumento de capital de 100 milhões, realizado ao preço unitário de 1,50 euros por ação. A CCCC compromete-se a participar na operação, exercendo os direitos inerentes às 55 milhões de ações que passa a deter, bem como os direitos de subscrição inerentes a outros 20,66% do atual capital, cedidos também pela MGP. A MGP, por sua vez, também vai participar no aumento de capital, subscrevendo no mínimo 22 598 927 de novas ações. 

Concluídas as operações, a CCCC ficará com pouco mais de 30,01% da Mota-Engil. A família Mota passa de um controlo de 65% para 40%. Face aos atuais estatutos, o grupo chinês passa também a ter direito a escolher um terço dos administradores da construtora.