Mayor de Nova Iorque acusado de assédio

Duas ex-conselheiras acusaram o governador de Nova Iorque de assédio sexual, numa altura em diversos políticos pedem a sua destituição.

De herói da pandemia a mayor caído em desgraça, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, está a ser acusado por duas mulheres de assédio sexual.

Charlotte Bennett, uma assistente executiva e conselheira de políticas relacionadas com a saúde na administração do mayor até novembro do ano passado, revelou ao New York Times que foi alvo de abusos sexuais e condutas impróprias por parte de Cuomo durante a primavera do ano passado.

Segundo a conselheira de 25 anos, o governador questionou-a, enquanto estavam sozinhos no escritório de Cuomo no Capitólio estadual de Nova Iorque, sobre a sua vida sexual, nomeadamente, se esta era monógama, se já tinha praticado atos sexuais com homens mais velhos e fez questão de a informar que estava disponível para entrar numa relação com “uma mulher nos seus vintes”, escreve o jornal americano.

“Eu compreendi que o governador queria dormir comigo e senti-me terrivelmente desconfortável e assustada”, confessou Bennett ao Times, que acrescentou que o mayor “nunca lhe tentou tocar”.

A conselheira afirmou que revelou o conteúdo destas conversas à chefe do gabinete do governador, Jill DesRosiers, e, menos de uma semana depois, foi transferida para outro cargo, como assessora de políticas de saúde, num escritório no lado oposto do Capitólio.

Bennett não tinha apresentado queixa antes e decidiu não insistir para que fosse realizada uma investigação a Cuomo porque estava feliz no seu novo emprego e porque “queria seguir em frente” com a sua vida, no entanto, depois de Lindsey Boylan, outra ex-conselheira que trabalhou com o mayor entre 2015 e 2018, ter revelado, na semana passada, que o governador a assediou.

Segundo a agora candidata para a presidência do distrito de Manhattan de 36 anos, Cuomou beijou-a contra a sua vontade e sugeriu que jogassem um jogo de “strip poker”.

O mayor negou todas as acusações, em comunicado escreveu que “jamais fez insinuações a sra. Bennett, nem tive a intenção de agir de forma inadequada” e afirmou que, antes de se tecerem opiniões sobre estas acusações, pediu “aos nova-iorquinos que aguardem as conclusões [da investigação] para que conheçam os fatos antes de fazer qualquer julgamento”.

Estas acusações surgem numa altura sensível do mandato de Cuomo. Depois de ser bastante elogiado pela forma aberta como lidou com o início da pandemia no estado, realizando diariamente conferências de imprensa calmas e com dados de confiança, uma imagem que contrastava com a do então Presidente Donald Trump, agora, Cuomo está a ser acusado de ter escondido milhares de mortes que aconteceram em casas de repouso.

O governador foi obrigado a admitir que os números de mortes nestas instituições ultrapassaram os 15 mil, em vez dos 8.000 que sua administração declarou durante meses.

Diversos legisladores pediram para que fossem retirados os poderes executivos de emergência que Cuomo adquiriu durante a pandemia, enquanto alguns vão mais longe e exigem o seu impeachment.