Morreu Maria José Valério, vítima de covid-19

A voz da “Marcha ao Sporting” estava internada no hospital de Santa Maria.

A cançonetista Maria José Valério morreu, esta quarta-feira, vítima da covid-19, aos 87 anos, segundo fonte da Casa do Artista, citada pela agência Lusa. 

A voz da "Marcha ao Sporting" estava internada no hospital de Santa Maria, onde acabou por morrer.

Maria José Valério Dourado nasceu a 3 de maio de 1933 na Amadora e ficou conhecida por vários êxitos como "Olha o Polícia Sinaleiro" e "As Carvoeiras". 

Sobrinha do compositor Frederico Valério, começou logo desde jovem, na década de 1950, a participar em vários espetáculos de variedade da então Emissora Nacional e posteriormente nas emissões experimentais da RTP, na feira popular, em Lisboa, após ter frequentado o Centro de Preparação de Artistas de Rádio da Emissora Nacional. 

Na década de 60, Maria José Valério foi eleita rainha da Rádio de Goa, território que Portugal administrava.

Casou-se em 1962, momento transmitido em direto pela RTP, com o matador de touros José Trincheira, figura que marcava a atualidade da época. O casamento foi celebrado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira, na igreja do Mosteiros dos Jerónimos, em Lisboa, tendo como sinal de benção a ordem do Papa de mandar tocar os sinos em Roma. 

Para homenagear o marido, do qual se veio a separar, a artista gravou o 'pasodoble' "Trincheira".

Em 2000, participou no elenco da série televisiva "Casa da Saudade", da autoria de Filipe la Féria, no qual estavam várias personalidades da televisão portuguesa como Carmen Dolores, Anita Guerreiro, Virgílio Teixeira, Raul Sonaldo, João d'Ávila, Helena Rocha e Artur Agostinho, entre outros. 

Também marcou precença no cinema ao participar no filme "O Homem do Dia" (1958), de Henrique Campos e Teresita Miranda, protagonizado pelo ciclista Alves Barbosa. 

Em 2004, Maria José Valério recebeu a Medalha de Mérito da Cidade de Lisboa, grau ouro. Cinco anos depois, em maio de 2009, o município da Amadora inagurou um centro cultural com o seu nome, na freguesia da Venteira. 

O seu reportório musical é vasto e diverso. Entre o fado e a canção ligeira, a artista deu voz aos temas: "Cantarinhas"; "Fado da Solidão"; "Expedicionário"; "Um Dia"; "Casa Sombria"; "Deixa Andar"; "Férias em Lisboa"; "Longos Dias"; "Lisboa, Menina Vaidosa"; "Nunca Mais" – muitas canções escritas pela dupla de autores Eduardo Damas e Manuel Paião, que assinam a tão conhecida "Marcha do Sporting".

O Sporting já prestou uma homenagem nas redes sociais.