Países Baixos. Explosão em centro de testes no país da desinformação

Depois de motins contra o confinamento obrigatório, em janeiro, houve mais um ataque contra um centro de testagem para a covid-19.

Os Países Baixos foram abalados, esta quarta-feira, pela notícia de uma explosão num centro de testes para a covid-19, na cidade de Bovenkarspel.

O ataque deu-se enquanto o centro de testagem estava encerrado e não provocou qualquer ferido, apenas a destruição de janelas do edifício. As autoridades acreditam que foi intencional e estão a tentar descobrir os autores do crime.
“As explosões não aconteceram por acidente, obviamente”, disse um porta-voz da polícia, Menno Hartenber, ao jornal Algemeen Dagblad. “No entanto, apenas saberemos qual foi o motivo assim que identificarmos e detivermos o suspeito”, concluiu. 

Este não é o primeiro ataque a um centro de testagens nos Países Baixos. Um outro ocorrera já em janeiro, durante um protesto contra as medidas de prevenção contra a covid-19 impostas pelo governo, que incluía o recolher obrigatório da população. A polícia antimotim foi então colocada a patrulhar as ruas de dez cidades, tendo recebido poderes reforçados para poder revistar pessoas sem uma causa provável. Mesmo assim, não foi o suficiente para impedir a destruição provocada pelos manifestantes. Um centro de testes para a covid-19, na vila de Urk, no norte do país, foi incendiado e três pessoas, incluindo uma de 16 anos, foram detidas por este crime.

Dias mais tarde, foram encontrados explosivos num centro de testes, em Hilversum, e um instituto em Amesterdão foi vandalizado. Nas paredes de um centro de testagem, em Breda, podia ler-se: “O coronavírus é uma mentira”.
Os Países Baixos têm vivido meses particularmente tensos. Segundo uma sondagem da Kieskompas, um em cada dez holandeses acredita em alguma teoria da conspiração quanto à covid-19, incluindo que a rede 5G é responsável pela pandemia.

Em janeiro, centenas de participantes numa manifestação em Amesterdão organizada por um movimento de empresários da restauração, e por um grupo islamofóbico e anti-imigração, ignoraram o recolher obrigatório e montaram barricadas com bicicletas, uma das imagens de marca da capital holandesa, disparam fogo-de-artifício contra a polícia de choque e arremessaram pedras e facas. As autoridades foram obrigadas a responder com violência e canhões de água.

Uma das grandes razões para a desinformação neste país será o comportamento nem sempre congruente das autoridades. Depois de ter sido decretado o recolher obrigatório para toda a população, o tribunal de Recurso de Haia ordenou que este fosse suspenso imediatamente por considerar que a medida deveria ser adotada apenas em “circunstâncias muito urgentes e excecionais”.

Em sequência disso, no final de fevereiro, o governo impôs uma lei, com caráter de urgência, para garantir que o recolhimento fosse implementado mesmo que o tribunal de recurso não o considerasse legal. Porém, o tribunal declarou que o recolher obrigatório era legal.