Segurança acusada de matar e desmembrar amigo no Algarve culpa a ex-namorada

“Perguntei o que estava a fazer, ela respondeu que ele assim já não se metia no meio de nós. Perguntei se estava morto e ela disse que sim”, afirmou Maria Malveiro, em tribunal. No mês passado, Mariana Fonseca, acusada da coautoria do crime, afirmou que não era “culpada pela morte” e atribuiu a culpa à…

Maria Malveiro, a jovem segurança acusada de matar e desmembrar Diogo Gonçalves, de 21 anos, negou, esta terça-feira, a autoria do crime e acusou a ex-namorada, a enfermeira Mariana Fonseca, de ter agido "por ciúmes" e de ter "asfixiado e posteriormente desmembrado o corpo do jovem". 

Tal como Mariana Fonseca havia feito na sua audiência no Tibunal de Portimão, também Maria pediu para falar sem a presença da ex-namorada na sala por não se sentir à vontade com a sua presença.

"A Mariana dizia ter ciúmes do Diogo, sempre foi uma pessoa ciumenta e possessiva. Começou a ser mais a partir do momento em que lhe contei da indemnização que o Diogo ia receber. Os ciúmes dela aumentaram e ela quis roubá-lo. Ela queria apoderar-se do dinheiro dele e começou a encher-me a cabeça com esses pensamentos. Deixei-me levar pelo que ela disse", começou por referir ao tribunal.

Recorde-se que, a 26 de fevereiro, a gravação das declarações prestadas em primeiro interrogatório foi ouvida em audiência de julgamento "para melhor ponderação da prova", a pedido do Ministério Público. No primeiro interogatório, Maria afirmara que o seu objetivo era "humilhar" e "não matar" o amigo, após ter sido vítima de assédio sexual. No entanto, diz agora que mentiu para "proteger" a ex-namorada. "Desde o início tentei proteger a Mariana e quis fazer tudo para que ela não fosse presa. Pus o amor à frente de tudo".

Sobre terem drogado a vítima, a arguida confessa ter sido ela a misturar o fármaco Diazepam – "fornecido pela Mariana e furtado do hospital de Lagos" – com um sumo de laranja e de ter oferecido à vítima. "Ela disse-me para misturar com algum líquido, porque ele ia adormecer, e foi isso que fiz. Só que ele não ficou logo sonolento. Ela então disse-me para lhe fazer um mata leão [golpe de asfixia] para o adormecer e tirar-lhe o cartão [bancário]", apontou.

Maria terá tentado reanimar Diogo, sem sucesso, e então pediu "a Mariana para fazer a reanimação". Depois ausentou-se "para fumar um cigarro" e quando voltou "ela [Mariana] tinha as mãos à volta do pescoço" da vítima. "Perguntei o que estava a fazer, ela respondeu que ele assim já não se metia no meio de nós. Perguntei se estava morto e ela disse que sim", afirmou.

A segurança culpou também a então companheira de ter desmembrado o corpo do jovem, mas admitiu ter ajudado "a transportar o corpo".

Confrontada com imagens em que aparece a fazer levantamentos de dinheiro da conta bancária de Diogo, Maria diz que "foi sempre por indicação da Mariana". "A minha intenção foi sempre protegê-la. Quis contar a verdade e isto foi a verdade", disse. 

No primeiro dia do julgamento, a 24 de fevereiro, a antiga enfermeira do Hospital de Lagos negou o seu envolvimento no crime e culpou Maria Malveiro. "Quero pedir perdão por todos os atos. Se pudesse voltar atrás, teria feito muitas coisas diferentes. Não estava a pensar com razão. Fui movida pela emoção. Não sou culpada da morte", afirmou.

Recorde-se que as jovens foram acusadas pelo Ministério Público dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, de dois crimes de acessos ilegítimos, um crime de burla informática, roubo simples e uso de veículo. Em março de 2020, mataram e desmembraram Diogo Gonçalves, colocaram as partes do corpo em sacos do lixo e transportaram-nas para Sagres e Tavira, antes de abandonar o veículo da vítima no cabo de São Vicente. 

{relacionados}