Bastonário pede com urgência relatório da IGAS sobre lar de Reguengos

Miguel Guimarães lamentou não ter tido acesso ao relatório da Inspeção-Geral das Atividade em Saúde (IGAS) e criticou ainda este órgão por falar em questões deontológicas e disciplinares que “não são da sua competência”.

O bastonário da Ordem dos Médicos pediu, esta quarta-feira, com “urgência" o relatório da IGAS sobre o surto de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz, cujas conclusões foram divulgadas na segunda-feira pelo Ministério da Saúde.

Miguel Guimarães lamentou não ter tido acesso ao relatório e criticou o órgão por falar em questões deontológicas e disciplinares que "não são da sua competência".

As declarações do bastonário foram feitas aos jornalistas, à margem de uma conferência de imprensa sobre a vacinação dos médicos, em Lisboa.

Para Miguel Guimarães é "incompreensível" que nem ele nem a Ordem tenham sido ouvidos "num relatório elaborado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde em que se atreve, porque não é uma competência da IGAS, a falar em questões deontológicas e disciplinares".

De realçar que o referido relatório admite "responsabilidade deontológica" dos médicos que se recusaram a visitar o lar no seguimento de instruções da Ordem e de um sindicato.

"Os médicos sempre foram responsáveis, aliás, no dia em que os políticos assumirem as responsabilidades, como os médicos assumem no dia-a-dia perante os seus doentes e perante a sociedade portuguesa, eu tenho a certeza que passamos a ter uma sociedade melhor", frisou Miguel Guimarães, que disse ainda que "os médicos são as pessoas que mais indemnizações têm que pagar”.

“Os médicos fazem a capa dos jornais mesmo antes de serem julgados. Portanto, os médicos têm uma responsabilidade sem paralelo na sociedade civil", criticou.

O bastonário criticou ainda o facto de o relatório da IGAS ter sido tornado público antes de ser dado a conhecer à Ordem.

"Temos que aguardar pelos relatórios verdadeiramente independente, pelos relatórios em que nós de facto acreditamos e não em relatórios que servem apenas para estar a branquear uma situação grave do país, uma situação em que todos nós sabemos que os lares não estão bem, não há nenhum português que não o saiba", disse, lembrando que esta situação em concreto teve "uma repercussão grande na vida das pessoas", uma "mortalidade muito significativa", e que "não foram cumpridas as regras definidas pela Direção-Geral de Saúde".

"Uma situação que, através do relatório de auditoria da Ordem dos Médicos, o país ficou a perceber que tínhamos que fazer mais pelos lares. Foi um grito de alerta que nós demos porque as pessoas precisavam dele", recordou, lembrando ainda que a situação foi denunciada pelos próprios médicos e enfermeiros.

“O Ministério da Saúde estar a tentar, enfim, incutir à Ordem dos Médicos responsabilidades que naturalmente não tem", considerou.

"Em vez de se preocupar com a saúde dos portugueses, em vez de se preocupar em resolver o problema que existe em muitos lares, e que os lares tenham equipas próprias para dar uma resposta rápida às necessidades das pessoas mais velhas, que construíram este país e que merecem o respeito dos portugueses e que todos os políticos têm que respeitar, em vez disso é mais fácil estar a perseguir um sindicato médico e a Ordem dos Médicos", acusou.

"Claro que nós estamos cá para responder e claro que nós não aceitamos aquilo que está nas conclusões do Ministério da Saúde", destacou.

Contudo, Miguel Guimarães voltou a assegurar que "os médicos de família cumpriram, foram trabalhar e, portanto, nunca deixaram de ir aos lares", embora alguns tenham protestado porque tinham que largar os seus postos de trabalho, onde também tinham doentes.

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