Itália em marcha-atrás reforça contenção

Depois de uma subida preocupante de novas infeções de covid-19, o primeiro-ministro italiano vai decretar novas medidas de prevenção contra a covid-19.

Com os hospitais prestes a entrar em ponto de rutura e os casos e mortes provocadas pela covid-19 a aumentar a cada dia que passa, é esperado que o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, anuncie novas medidas restritivas, que irão incluir o encerramento de escolas secundárias e primárias, restaurantes, bares e lojas em todo o território.

Este endurecimento das medidas de prevenção da covid-19 surge após terem sido registados em Itália 25.649 novos casos de infeção e 373 mortes. Os hospitais têm mais de 23 mil pessoas internadas e 2.571 nos cuidados intensivos.

As zonas mais afetadas são as do norte do país, como a província de Modena ou a cidade de Bolonha, que já se encontram em confinamento, e é esperado que mais regiões do país sejam colocadas em «alerta vermelho», o mais elevado, a partir de segunda-feira – serão três depois de ter sido acrescentada à lista a Campania (sul), com capital em Nápoles, que se junta à Balisicata e Molise. No total, representam 6,5 milhões de pessoas.

O aumento de casos em Itália é um duro golpe no governo do novo primeiro ministro, que utilizou todos os seus esforços para acelerar a campanha de vacinação no país. Cinco milhões de doses já foram administradas e 1.594.122 pessoas já se encontrarem totalmente imunizadas, especialmente trabalhadores da saúde, mas administração esperava que o processo estivesse mais avançado.

Itália, tal como outros países europeus, está a enfrentar diversos atrasos na entrega das vacinas e, depois da Agência de Medicamentos Italiana ter anunciado a suspensão temporária da vacinação de um lote da farmacêutica AstraZeneca por precaução, após relatos de problemas de coagulação identificados em vários países europeus, é provável que o processo se torne ainda mais moroso.

Brasil, um laboratório a céu aberto
Também numa situação de risco está o Brasil. Depois de registar um recorde diário de mortes, 1972, na terça-feira, está com os hospitais perto de entrar em colapso devido à lotação excessiva. Entre as 27 capitais do Brasil, em apenas duas os hospitais não ultrapassam os 80% da lotação e num total de 15 capitais, a lotação está acima dos 90%.

Enquanto outros países estão a começar a colher os benefícios da campanha de vacinação, registando cada vez menos casos de infeção, o Brasil está em sentido inverso. E, uma vez que não foi decretado o confinamento obrigatório, os especialistas acreditam que o número de casos irá continuar a aumentar. Mas o risco de espalhar a infeção não se limita ao interior das fronteiras do Brasil, uma epidemiologista da fundação Fiocruz/Amazônia alertou que o país pode vir a tornar-se «uma ameaça para a humanidade».

«O máximo que podemos fazer é esperar por um milagre na vacinação em massa ou uma mudança radical na condução da epidemia no país. O Brasil é, hoje, uma ameaça à humanidade e um laboratório a céu aberto, onde a impunidade na gestão da pandemia parece ser a regra», disse a epidemiologista à AFP.