Apoios à economia. Insuficientes, inflexíveis ou positivos? As diferentes reações

Aos poucos as reações aos novos apoios à economia vão surgindo. Apesar dos diferentes entendimentos, uma coisa é certa: devem ser aplicados às empresas o mais rápido possível.

O Governo anunciou, na passada sexta-feira, novos apoios à economia numa altura em que o país começa, aos poucos, a desconfinar. Mas serão estes apoios suficientes? Apesar de as opiniões divergirem um pouco, uma opinião é comum: estes mesmos apoios devem chegar às empresas com a maior brevidade possível.

A Associação Empresarial de Portugal saudou as medidas anunciadas. No entanto, considera-as “insuficientes”. E justifica: “Dos 7 mil milhões de euros apenas uma pequena fatia (1160 milhões de euros) se refere a apoios a fundo perdido, os restantes cerca de 6 mil milhões de euros correspondem a um potencial de liquidez que está associado a receita que é flexibilizada, nomeadamente pela alteração no calendário fiscal quer nas obrigações das componentes declarativas quer nas obrigações de pagamentos, que, por essa via, só terá impacto na execução orçamental na ótica de caixa”.

Assim, a associação diz ser “fundamental” que a economia portuguesa seja apoiada de forma “mais significativa”, antecipando as verbas da bazuca europeia. É “imperativo” colocar “no terreno de forma imediata todas estas medidas”, diz ainda.

Por outro lado, a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) considera os novos apoios anunciados “positivos”.

“Os novos apoios apresentados refletem as reivindicações que temos vindo a fazer em sede de Concertação Social e nos sucessivos diálogos que temos mantido com o Governo. O plano de desconfinamento mantém diversas restrições, que continuam a dificultar a atividade das empresas. Estas novas medidas poderão contribuir para minimizar o impacto das limitações ainda existentes”, afirma Francisco Calheiros, presidente da CTP. Ainda assim, o apelo é claro: “Apelamos ao Governo para que estes novos apoios cheguem rapidamente às empresas, que os entraves legislativos e procedimentais sejam rapidamente ultrapassados, para que estas possam manter a sua atividade e fazer face às inúmeras limitações com que ainda se deparam e vão continuar a deparar”, diz Francisco Calheiros.

Já António Saraiva, da CIP, defende que algumas solicitações “ficaram por responder”. Destaque para “a capitalização e recapitalização” das empresas e o “reforço” das linhas de crédito “para as exportadoras”, defendeu à RTP3.

Já a UGT foi clara ao exigir a isenção, redução ou suspensão da TSU, “tal como acontece com as empresas”. Nesse sentido, foi enviada uma carta à ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho. 

“Não entendemos que a justificação dos apoios se centre, em exclusivo, nas empresas, por serem estas as principais responsáveis pela manutenção do emprego, escamoteando que os trabalhadores são, na sua grande parte, os responsáveis pela manutenção das suas famílias”, escreve na carta, Carlos Silva, secretário geral da UGT. 

No caso da CGTP, Isabel Camarinha diz faltarem medidas que promovam o “incremento do mercado interno e da produção nacional”.

No setor da restauração, a AHRESP “congratula-se com as medidas de apoio às empresas”, uma vez que foram acolhidas muitas das propostas que tinham sido apresentadas pela associação.