Portugal suspende uso de fármaco da AstraZeneca. Vacinação de pessoal docente e não docente adiada

Portugal vai manter 200 mil vacinas da AstraZeneca em armazém. Por cá registaram-se dois casos de tromboembolismo, mas “distintos dos que motivaram” esta suspensão. 

Portugal suspende uso de fármaco da AstraZeneca. Vacinação de pessoal docente e não docente adiada

Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed, confirmou, esta segunda-feira, que o Infarmed e a Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiram suspender temporariamente a vacinação contra a covid-19 com o fármaco da AstraZeneca. A notícia já tinha sido avançada esta tarde pelo jornal i. 

Segundo o responsável, a decisão teve por base o princípio da "precaução em saúde pública" e surge após casos de "reações adversas reportadas em vários países europeus". Rui Santos Ivo explicou ainda que, até agora, não foi feita um ligação entre os casos registados e a toma da vacina, contudo, espera-se que "durante esta semana haja resultados" sobre essa avaliação. Até então, os casos conhecidos foram discutidos a nível europeu, com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e as autoridades responsáveis pelos planos nacionais de vacinação, como é o caso da DGS.

Já Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, que também esteve presente na conferência de imprensa, destacou que apesar das reações adversas reportadas serem "extremamente graves" também são extremamente raras".  "Foram poucos casos em 17 milhões de doses" da vacina, sublinhou Graça Freitas, que pediu às pessoas que receberam esta vacina que se mantenham tranquilas.

"Se sentir mal estar persistente, durante alguns dias, sobretudo se for acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas, não hesite e consulte um médico", alertou. 

Questionada sobre o que vai acontecer a quem tomou a primeira dose deste fármaco, Graça Freitas disse que a administração da segunda dose deve ocorrer "daqui a bastante tempo ainda". Nesse intervalo de tempo, a DGS espera que a Agência Europeia de Medicamento (EMA) e as agências nacionais cheguem a uma conclusão. "Vamos aguardar tranquilamente", sublinhou. 

"A vacina tem muitas semanas de intervalo entre a primeira e a segunda dose. Neste momento não estão pessoas em Portugal em condições de lhes ser administrada a segunda dose. Vão ter mais do que tempo para que toda esta situação fique esclarecida. E se tiverem de fazer a segunda dose será feita com toda a segurança", afirmou.

Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19, acabou por anunciar o adiamento da vacinação do pessoal docente e não docente do pré-escolar e primeiro ciclo, sendo esta a principal consequência desta interrupção.

"Os planos que já estavam em execução foram postos em pausa a partir de hoje à tarde", disse.

Prevê-se que a primeira fase de vacinação esteja terminada no próximo mês de abril, uma vez que vacinação com as outras vacinas vai continuar.

A vacina da AstraZeneca estava destinada não só aos professores, como também aos utentes com mais de 50 e até 80 anos com comorbilidades. Esses utentes deverão receber as vacinas da Pfizer e da Moderna, adiando por cerca de duas semanas o seu processo de vacinação.

O presidente do Infarmed acabou por revelar que em Portugal foram registados dois casos de tromboembolismo, mas são "distintos" dos que "motivaram esta recomendação". "São de perfil clínico diferente" e "são situações que estão em recuperação", destacou. 

Até que haja uma conclusão sobre a segurança da vacina da farmacêutica anglo-sueca, Portugal vai manter as vacinas da AstraZeneca em armazém. Henrique Gouveia e Melo adiantou que foram administradas cerca de 400 mil vacinas e vão ficar em armazém cerca de 200 mil.

"Não são vacinas desperdiçadas", frisou Graça Freitas, que voltou a dizer que esta decisão "é para dar segurança às pessoas" e pedindo que "mantenham a confiança nas instituições".