CTT pedem que Estado compense os “impactos da pandemia”

Esta compensação, de acordo com o responsável, poderá passar por um pagamento total em dinheiro, ou por um aumento dos preços do correio.

Os CTT querem ser compensados pelo Estado pelos “impactos da pandemia”. A garantia foi dada esta quarta-feira pelo CEO dos Correios depois de terem apresentado uma queda dos lucros de 42,9% para os 16,7 milhões de euros, no ano passado. A empresa liderada por João Bento explica a quebra dos resultados com a “interrupção do correio” durante os períodos de confinamento e pela consequente “recuperação lenta”. Acresce o aumento dos custos operacionais, face ao crescimento do volume de encomendas, e o “insustentável enquadramento regulatório e de preços” no serviço postal universal.

Esta compensação, de acordo com o responsável, poderá passar por um pagamento total em dinheiro, ou parte dela por um aumento dos preços do correio, referiu numa conferência com analistas. Ainda assim, admite estas exigências podem acabar num “processo de arbitragem” com o Estado.

Recorde-se que o contrato de concessão do Serviço Postal Universal entre o Governo e os CTT foi prorrogado até ao final de setembro de 2021. Um prazo que já tinha sido avançado pelo Nascer do SOL. O diploma acabou por ser aprovado em Conselho de Ministros, «sem alteração imediata dos atuais termos e condições de prestação do serviço».

A empresa liderada por João Bento disse, na altura, que «apesar dos esforços e das diligências, iniciados pelos CTT muito antes da emergência da crise pandémica, não foi possível por razões a que são totalmente alheios, que a transição para um novo contrato ocorresse em devido tempo. Assim, tal como anunciado recentemente, o Governo decidiu determinar a referida extensão, justamente ao abrigo da situação excecional em curso», disse em comunicado.

No entanto, a empresa afirmou que face ao atual contexto de pandemia, em que consideram ser «crucial manter os serviços às populações e a integridade das cadeias logísticas» vai assegurar a continuidade da prestação do serviço público de correio e demais serviços concessionados, «impedindo uma crise desnecessária e sem precedentes, de interrupção de um serviço público essencial».

Mas foi mais longe: «Os CTT fazem-no, sem prejuízo das iniciativas que consideram adequadas, tendo em conta a necessidade de reequilibrar, fruto da queda abrupta do correio, um contrato de concessão que, em 2020 e no período de prorrogação, não se afigura sustentável», acrescentando que a decisão «tem ainda em conta a convicção criada nas múltiplas interações, nomeadamente durante as últimas semanas, com o Governo quanto à necessidade de evolução das condições para a prestação do serviço público de correio, que recupere a sustentabilidade futura e de longo prazo».