Países Baixos. Mark Rutte volta a ser eleito primeiro-ministro

Com uma vitória folgada nas urnas, a primeira tarefa do primeiro-ministro será negociar a coligação governamental que irá liderar o país.

Depois de ter abandonado o poder em janeiro devido a um escândalo onde acusou erradamente centenas de famílias de aproveitar indevidamente de apoios financeiros, Mark Rutte, do Partido para a Liberdade e Democracia, teve mais uma vitória nas eleições gerais dos Países Baixos, conquistando 35 lugares dos 150 disponíveis no parlamento.

Rutte, de 54 anos, está no poder há mais de uma década, tendo liderado três coligações diferentes, e poderá tornar-se no chefe do Governo holandês com maior longevidade, caso consiga negociar uma nova coligação governamental, algo que estará em primeiro lugar na sua agenda.

“Os eleitores deram ao meu partido um grande voto de confiança”, disse o primeiro-ministro depois de saber o resultado das eleições. “Acredito que todos querem uma nova administração o mais rápido possível. Estamos no meio de uma crise bastante séria e temos de dar o nosso melhor”.

Rutte confessou que “nem tudo correu bem nos últimos dez anos”, referindo-se ao escândalo que o viu ser afastado do poder, no entanto, mostrou-se positivo e com a determinação para “reconstruir o país após o final da pandemia de covid-19. “Tenho energia para mais 10 anos”, disse a jornalistas.

Qual é o futuro da coligação?

Rutte ainda está a negociar uma coligação para governar o país e, na calha, estão os Democratas 66 (D66) e a Aliança dos Democratas-Cristãos (CDA, na sigla holandesa), que formavam o anterior Governo.

O D66, partido liberal, progressista e europeísta, liderado pela antiga diplomata das Nações Unidas, Sigrid Kaag, alcançou um inédito segundo lugar e conseguiu eleger 24 deputados.

“Mas que noite maravilhosa”, escreveu Kaag no Twitter, acompanhada por uma foto sua a celebrar em cima de uma mesa. “Agora são horas de trabalhar, o futuro não pode esperar”.

O D66 conquistou o segundo lugar, que era detido pela CDA, do atual ministro das Finanças, Wopke Hoekstra, e que agora desceu para a quarta posição, tornando-se assim o segundo partido mais poderoso da coligação, o que poderá provocar mudanças na dinâmica do Governo que se pode tornar mais “conciliatória com a Europa”, escreve o Guardian.

O CDA, que perdeu quatro lugares no parlamento, comparativamente às últimas eleições, conformou-se com a eleição de 14 deputados.

No entanto, esta coligação não tem deputados suficientes para garantir uma maioria no Parlamento holandês, por isso, Rutte, vai ter de negociar com um quarto partido.

Crescimento da extrema-direita

O partido de extrema-direita de Geert Wilders, Partido da Liberdade (PVV), com posições anti-islâmicas, foi o terceiro partido mais votado e conquistou 14 assentos no Parlamento. Após saber o resultado das eleições, Wilders revelou que “esperava um pouco mais” de votos a seu favor, mas ainda se congratulou por fazer parte do “terceiro maior partido dos Países Baixos”.

Wilders deu os parabéns a Rutte, apesar das críticas durante a campanha eleitoral e de o ter acusado de ser um “traidor”.

No entanto, apesar da descida nas urnas do PVV, os restantes partidos de extrema-direita apresentaram bons resultados, nomeadamente o Fórum da Democracia, outro partido extremista liderado pelo populista Thierry Baudet, elegeu oito deputados, apesar de ter sido fortemente criticado pelas posições do seu porta-voz que afirma ser anti vacinas contra a covid-19 e por ter sido o único líder partidário a organizar comícios durante a pandemia.

Também o, JA21, partido fundado em dezembro de 2020, por Joost Eerdmans e Annabel Nanninga após abandonarem o Fórum da Democracia, que se opôs fortemente ao confinamento e organizou manifestações violentas para protestar esta medida, elegeu quatro deputados.

Em relação à hipótese de se unir a um partido da extrema-direita para formar a coligação governamental e conquistar a maioria no Parlamento, Rutte afastou este cenário e criticou Wilders pelas suas críticas à comunidade islâmica e Baudet por considerar ser um antissemita e racista.