Nova ponte sobre o Douro

O rio Douro vai passar a ter mais uma travessia, entre o Campo Alegre e o ArrabidaShopping. A ponte é exclusiva para o Metro, com espaço para ciclistas e peões.

O rio Douro vai ganhar uma nova ponte. A mais recente – batizada com o nome do Infante D. Henrique – foi erguida em 2003, e os planos para uma futura linha do metro, a ligar Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia, à Casa da Música, no Porto, são o pano de fundo que exige uma nova travessia sobre o rio, que será feita unicamente para o Metro, com uma faixa para ciclistas e para transeuntes a pé, e que será financiada pela chamada ‘bazuca financeira’ da União Europeia, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

É importante, ainda assim, não confundir este plano com a extensão da linha amarela do Metro do Porto e a criação da linha rosa, cujas obras deverão já iniciar nos próximos tempos, conforme foi anunciado no mesmo evento que tornou público o concurso internacional de ideias para a nova ponte sobre o Douro.

Situada 500 metros a nascente da ponte da Arrábida, e a mais alguns a poente da mítica ponte Luiz I, desenhada por um dos discípulos da escola de Eiffel, a nova ponte sobre o Douro está ainda numa fase muito embrionária, mas, conforme informou ao Nascer do SOL fonte da Metro do Porto, deverá começar a ser construída em 2023 e estar concluída até 2026, já que a ‘bazuca financeira’ exige que as obras por ela financiadas estejam completas e a funcionar até esse ano, pretendendo-se um investimento a «curto prazo», que impulsione as economias no período pós-pandemia.

As características da futura ponte são ainda incertas, fruto da inicial fase em que se encontra o seu desenvolvimento, mas há determinados elementos que já é possível saber: o preço final deverá rondar os 50 milhões de euros, segundo estimativas do Governo, e, tal como praticamente todas as outras pontes sobre o Douro, não deverá ter pilares sobre o rio, esperando-se, no máximo, que estes se encontrem nas margens. Também a cota da ponte deverá estar um metro acima da Arrábida, de forma a não tapar o arco da mesma. Trata-se de um «desafio técnico extraordinário», conforme o define fonte da Metro do Porto, que espera poder «atrair os melhores projetistas de pontes do mundo», já que se trata de um projeto «único», tomando em conta os contornos em que será erguida a estrutura.

Está assim aberto o concurso internacional de ideias para o projeto arquitetónico e de engenharia da ponte, que vai valer 100 mil euros de prémio para a ideia vencedora, que terá um ano para ser desenvolvida. No júri que irá escolher o projeto vencedor, estão nomes como Eduardo Souto de Moura, Alexandre Alves Costa, Inês Lobo e Júlio Appleton, conforme o Nascer do SOL apurou. O investimento, defendeu António Costa na apresentação do concurso para o projeto, vai dinamizar a economia, proporcionar a criação de postos de trabalho e é uma obra «que fica para o futuro». O primeiro-ministro marcou presença no evento, referindo a importância do investimento público na preparação para o momento pós-pandémico. «Temos de começar a reconstruir o amanhã dos portugueses, há um depois da covid-19», destacou. Também no evento esteve João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, que, na ocasião, referiu: «Temos pressa em fazer estes investimentos para que a economia possa recuperar após a pandemia, mas há coisas que não se conseguem fazer depressa e uma delas é uma ponte sobre o rio Douro», fazendo alusão ao panorama paisagístico e urbanístico que marca o leito do rio Douro e as seis pontes que o cruzam.

 

Corrida para ser a sétima ponte sobre o Douro

Esta não é, no entanto, a primeira ponte a ser anunciada desde a inauguração da Ponte do Infante. Desde 2018 que se fala na construção de uma ponte a unir Vila Nova de Gaia e a cidade do Porto, entre as pontes de São João e do Freixo, na zona oriental da cidade. O projeto, no entanto, ainda não viu a primeira pedra lançada, no momento em que é anunciada mais uma ponte, na outra ponta da cidade. O concurso público para a construção da ponte oriental deveria ter acontecido até ao final de 2020, mas tal não se realizou, e enfrentam-se agora as duas realidades, que parecem lutar para decidir qual será a sétima travessia sobre o Douro, e qual a oitava.