Turismo do Algarve contesta decisão de Fórmula 1 sem público

Elidérico Viegas espera “verão idêntico ao do ano passado”, que foi o pior de sempre. Responsável clama por plano específico para turismo da região prometido em julho pelo Governo.

O Governo ainda não confirmou oficialmente, mas é praticamente certo que as provas dos mundiais de Fórmula 1 (2 de maio) e MotoGP (18 abril), no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, não vão contar com a presença de público. A medida para combater a pandemia foi recebida com “surpresa” e “desalento” pelo setor do turismo daquela região.

“Face à evolução da pandemia no nosso país, a crer que as coisas vão melhorando, estando a mês e meio de distância do Grande Prémio de Fórmula 1, julgo que existe aqui um excesso de zelo por parte do Governo, pois, desde que fossem salvaguardadas as medidas de segurança definidas pela Direção-Geral de Saúde – como aconteceu no ano passado – seria perfeitamente possível garantir público nas bancadas”, diz ao i Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

O responsável vai mais longe e considera que “há dois pesos e duas medidas” na forma como o Executivo tem tratado o desporto. “Por um lado, não se autoriza público nas bancadas do autódromo mas, por outro, autoriza-se a presença de pessoas em cinemas, teatros, etc… Os eventos desportivos estão a ser tratados como o parente pobre da sociedade portuguesa”, afirma.

De acordo com as estimativas, o Grande Prémio de Fórmula 1 de Portugal valeria receitas para a região na ordem dos 40 milhões. Mas com as bancadas vazias a contabilidade vai cair a pique. “Apenas os hotéis da zona de Portimão vão beneficiar com o evento, com organização, equipas e jornalistas… É um impacto muito inferior ao esperado”, acrescenta Elidérico Viegas.

Más novas do Reino Unido. A proibição de público na Fórmula 1 e no MotoGP não foi, porém, a pior notícia que chegou ao Algarve nas últimas horas. Informações vindas do Reino Unido dão conta que Mike Tildesley, da equipa de cientistas que aconselha o Governo de Boris Johnson a lidar com a pandemia, afirmou que viagens para o exterior do Reino Unido no verão são “extremamente improváveis”. Ora, o Reino Unido é o principal mercado turístico do Algarve – o que deita por terra as esperanças do setor para a próxima época alta.

O presidente da AHETA refere ao nosso jornal que estas declarações “apenas mostram que devemos ser cautelosos nas previsões”. “Em 2021 devemos ter um verão idêntico ao do ano passado. E isto não são boas noticias, pois 2020 foi o pior ano de sempre”. Tendo em conta o atual cenário, o responsável reafirma “que se impõe que as entidades competentes assegurem medidas para a sobrevivência das empresas” e para que estas possam “ter condições de ser competitivas no mercado numa fase de retoma”. “É, sobretudo, importante que, de uma vez por todas, se coloque em prática o plano de medidas especificas para o turismo algarvio prometido em julho de 2020 pelo ministro da Economia Siza Vieira e reiterado pelo primeiro-ministro António Costa reiterou”, apela Elidérico Viegas.