Portugueses afastados do CGS da EDP

Actualmente, a posição dos Chineses na EDP é ligeiramente inferior a 20%, mas o poder de decisão pertence-lhes. O segundo accionista é o fundo espanhol Oppidum Capital, dominado pela família Masaveu, com pouco mais de 7% das acções.

por A.P.N

Em 2011, os Chineses da China Three Gorges Corporation. (CTG) adquiriram à ParPública cerca de 21% das acções da EDP – Electricidade de Portugal, por 2,69 mil milhões de Euros. A CTG tem, historicamente, a ver com o grande projecto de regulação das águas do Yangtsé, um projecto com uma longa história, que foi objecto de controvérsia no Partido Comunista Chinês (PCC) e votado definitivamente pelo Congresso Nacional do Povo, em Abril de 1992. Tinha, aliás, raízes antigas, desde os anos trinta do século passado do tempo do Kuomintag. As grandes cheias de 1954, com dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, incitaram à execução do projecto, sob uma directiva de Mao Tsé Tung em 1958. Houve, entretanto, atrasos no começo dos trabalhos, até por causa do rompimento com a União Soviética e a falta consequente de recursos técnicos numa China mais isolada.

O Yangtzé, com os seus 6.300 quilómetros, é o terceiro rio do mundo. A conclusão do Projecto, em 2008, consolidou a China Three Gorges como uma grande companhia estatal chinesa. E em Agosto de 2020, o Departamento de Defesa de Washington deu-a como ligada ao Exército Chinês – ao Exército de Libertação do Povo (ELP) – proibindo os cidadãos e as companhias norte-americanas de serem seus accionistas.

Em Maio de 2020, a CTG possuía 21,44% das acções da EDP, sendo o seu maior accionista e comandando a operação. Desde a compra, em 10 anos, com os dividendos recebidos, a CTG já recebeu 1,34 mil milhões de Euros, metade do capital investido em dividendos. E também vendeu em Fevereiro de 2020 cerca de 300 milhões de Euros em acções.

Actualmente, a posição dos Chineses na EDP é ligeiramente inferior a 20%, mas o poder de decisão pertence-lhes. O segundo accionista é o fundo espanhol Oppidum Capital, dominado pela família Masaveu, com pouco mais de 7% das acções.

Agora, numa anunciada política de “emagrecimento” dos órgãos sociais – o chamado Conselho Geral de Supervisão (CGS), passa de 21 membros para 16. Saem os Portugueses – o presidente da CGS, Luís Amado, mas também Nuno Amado, Augusto Mateus, Ilídio Pinho, Jorge Braga de Macedo, o general Rocha Vieira e Celeste Cardona.

Os chineses e os espanhóis ficam assim a dominar, não só o accionariado da empresa, mas também o seu governo. A Assembleia Geral irá ratificar estas decisões no próximo 14 de Abril.

Estão por fazer as contas da desnacionalização da economia portuguesa, ao ponto de, em Portugal, neste momento, já não haver bancos (excepção da pública CGD) nem grandes grupos industriais nacionais com domínio accionista nacional. Um golpe muito grave na independência nacional, mas a que nem Governo nem oposições parecem dar muita importância. A EDP foi vendida nos tempos do Governo PSD-CDS.