Covid-19. Vacinas deixam UE ao rubro

De manhã o aviso de bloqueio, ao final do dia a reaproximação.

Depois de na terça-feira a tensão ter subido, com a diretora-geral da Saúde da Comissão Europeia a atribuir aos atrasos nas campanhas de vacinação ao “muito mau desempenho” da AstraZeneca, ontem ao final do dia os sinais foram de alguma tentativa de apaziguamento entre Bruxelas e Londres. Mas isto já depois de o cenário da UE avançar com o reforço dos mecanismos que permitem o bloqueio de exportações ter ganho força pela manhã. A proposta será discutida esta quinta-feira e prevê maiores condicionalismos a exportações quando esteja em causa a disponibilidade de vacinas da UE.

Ao final do dia, em comunicado, UE e Reino Unido apareceram juntos a dizer que procuram uma solução. Uma solução “win-win”, que possa garantir vacinas para todos, escreveu a BBC. No Reino Unido já foi vacinada com a primeira dose mais de um terço da população. Na UE, a maratona da vacinação vai nos 11% na primeira toma, com a comunidade europeia a ficar para trás não só de Inglaterra mas do que se passa do outro lado do Atlântico, onde também já praticamente um terço dos norte-americanos têm pelo menos a primeira dose.

Entretanto veio a público que só numa fábrica italiana a AstraZeneca tinha armazenadas 29 milhões de doses da vacina, cujo destino final seria o Reino Unido. Bruxelas já pediu explicações. Inglaterra também se vê a braços com problemas noutras latitudes, já que a vacina da AstraZeneca, desenvolvida na Universidade de Oxford com a farmacêutica anglo-sueca é fabricada além fronteiras. E se há dias o Serum Institute, o maior produtor de vacinas indiano, admitia que dificuldades na importação de matéria-prima dos EUA que iria afetar as entregas, ontem a Índia, que já exportou 60 milhões de doses da vacina para 76 países, anunciou a mesmo a suspensão temporária das expedições até ao final de abril. O argumento é o mesmo que a UE admite invocar: as vacinas são precisas para os indianos.