Pelo menos 2.300 migrantes morreram ou desapareceram no mar a tentar chegar à Europa em 2020

As mortes e desaparecimentos nas rotas marítimas migratórias continuam a ocorrer em níveis “assustadoramente altos”, diz a Organização Internacional para as Migrações. 

O número de migrantes que morreram ou desapareceram no mar ao tentar chegar à Europa aumentou em 2020, revelou, esta sexta-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No entanto, 2020 foi também o ano com menos migrantes e requerentes de asilo da última década.

Segundo um relatório da OIM, as mortes e desaparecimentos nas rotas marítimas migratórias continuam a ocorrer em níveis "assustadoramente altos", tendo sido registado um aumento em relação a 2019. As vítimas passaram de 2.095 nesse ano para 2.300, este ano.

Já em 2021, o projeto 'Missing Migrants' deu conta de 300 migrantes mortos ou dados como desaparecidos. 

Em relação ao número de migrantes, a OIM revela que 93 mil pessoas entraram de forma irregular na Europa em 2020. A grande maioria, 92%, por via marítima, nomeadamente através das três grandes rotas migratórias do Mediterrâneo. 

Nas Ilhas Canárias, consideradas como parte do espaço Schengen, as chegadas de migrantes aumentaram em 750% no ano passado e as mortes nessa rota aumentaram quatro vezes mais.

A rota Central (da Líbia para Itália e Malta) foi a mais letal no ano passado, com 984 mortes.

"Ninguém deveria ter de arriscar a vida para fugir da violência ou da instabilidade, ou simplesmente para procurar uma vida melhor", disse Frank Laczko, diretor do Centro Global de Análise de Dados sobre Migração da OIM (GMDAC) em Berlim, citado num comunicado divulgado pela agência da ONU.

"Será importante nas atuais discussões entre a União Europeia (UE) e os países africanos dar prioridade a uma ação concertada para salvar vidas e acabar com esta crise de mortes em curso", acrescentou.