Casais que se conhecem online têm mais probabilidade de ficarem juntos

Nos EUA, a maioria dos casais heterossexuais conhece-se online e a realidade portuguesa parece não ser diferente. Globalmente, entre 2015 e 2020, os utilizadores destas plataformas aumentaram em 85 milhões.

Com o surgimento da pandemia de covid-19 e os sucessivos confinamentos, os portugueses viram-se privados da maior parte das interações presenciais que levavam a cabo. Neste universo, estão contemplados os encontros que, não podendo decorrer de forma presencial, foram sucessivamente e cada vez mais transpostos para as plataformas de online dating.

De acordo com o estudo “Influência da pandemia covid-19 nas plataformas de online dating: estudo de caso do felizes.pt” levado a cabo pelo ISCTE Media Lab acerca da plataforma Felizes.pt, divulgado em julho do ano passado, o número de acessos a esta cresceu de 634 mil em fevereiro para mais de 806 mil em maio.

Entre março e abril, foram criados 11.900 novos perfis, um aumento de 27% face ao mesmo período de 2019.

No entanto, este não é o único site cuja utilização tem aumentado a olhos vistos e dados da Business Of Apps comprovam-no: se em 2015 as denominadas aplicações de encontros tinham 185 milhões de utilizadores, a nível mundial, esse valor subiu até aos 270 milhões no ano passado.

Enquanto nos EUA – o país em que, no ano de 2019, o sociólogo Michael Rosenfeld da Universidade de Stanford confirmou que os encontros online tornaram-se a forma mais comum dos casais se conhecerem –, o Tinder é a aplicação mais usada, na Europa e na América Latina, o Badoo conquistou a liderança, contando com mais de 400 milhões de pessoas registadas. Na análise feita pelo site anteriormente referido, é possível constatar igualmente que, nos últimos cinco anos, os utilizadores procuram aplicações que promovem os relacionamentos de longa duração.

Assim, não é de estranhar que, ao questionar pessoas entre os 15 e os 79 anos, já em 2018, investigadores da Universidade de Genebra, na Suíça, tenham comprovado que os casais que se conhecem online têm maior probabilidade de ficar juntos.

intenções mais sérias A autora do estudo, Gina Potarca, focou-se numa amostra de 3.245 pessoas na faixa etária anteriormente mencionada, que namorassem com alguém maior de 18 anos e tivessem uma relação com 10 ou menos anos. Deste modo, ainda que tenha entendido que a maioria conheceu os parceiros online, 104 fê-lo via aplicações de encontros, 264 por sites de encontros e 125 descobriram a cara-metade através de outras plataformas.

Ao analisar as respostas, a professora compreendeu que as intenções de viverem juntos, contrair matrimónio ou o desejo de ter filhos era maior – principalmente, entre as mulheres, que planeavam que tal acontecesse no espaço de três anos – nos casais que se haviam conhecido online, assim como a satisfação com o relacionamento e a vida do que entre aqueles que tinham criado laços de forma mais tradicional.

Também é importante mencionar que, através do estudo, foi possível reforçar a ideia de que as aplicações permitem a criação de relacionamentos entre pessoas que se encontram em pontos distantes do globo.

Outro fator curioso baseia-se no facto de que, por detrás dos ecrãs, as mulheres com um nível de educação superior têm mais tendência de se juntarem a homens que não prosseguiram estudos, o que, na ótica de Potarca “se pode justificar pela importância da aparência e pelo esquecimento de estigmas sociais”.