A importância do controlo das emissões de CO2 para Portugal e para a Europa

por João de Jesus Ferreira Engenheiro conselheiro (IST), Área científica: Energia

As alterações climáticas são mudanças cíclicas do clima que ocorrem a nível global, com períodos muito longos.

Na verdade, a Terra está periodicamente a sofrer alterações climáticas devido a factores naturais previsíveis como as variações na inclinação do eixo terrestre, na curvatura da sua órbita em torno do sol ou alterações na radiação solar. Não está cientificamente provado e demonstrado que a humanidade tenha contribuído de forma significativa para a uma eventual subida da temperatura, que já existia desde o fim da última glaciação, nem tão pouco que são as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) , e em particular o CO2, responsáveis pelas designadas alterações climáticas.

Convém não esquecer que as teorias histéricas e assustadoras sobre as alterações climáticas sustentam muitos negócios cujo valor mundial é de muitos milhares de milhões de euros. Este lóbi é muito forte e controla e manipula muita da informação que é produzida, mesmo alguma dita científica. E é, também, por esta razão que são esquecidos aspectos muito mais importantes e com efeitos muito mais devastadores para o nosso planeta, com é o caso da má utilização dos plásticos ou da falta de tratamento de resíduos, sejam urbanos, agrícolas, industriais ou hospitalares.

Contudo, independentemente de acreditarmos, ou não, nestes efeitos humanos, sobre o clima, é de extrema importância a preservação do ambiente e o controlo sobre a degradação que a actividade humana induz no planeta Terra.

Assim, é óbvio que há necessidade de controlar e reduzir as emissões de poluentes, de GEEs, das emissões de CO2, entre outras medidas evidentes, por diversas e legítimas razões.

Contudo, no que respeita ao controlo das emissões de CO2, estas questões devem ser relativizadas sem exageros ou histerismos. Isto é, devem actuar principalmente os países e as regiões que mais contribuem para as concentrações de gases de efeito de estufa, que normalmente são os países mais ricos.

No caso das emissões de CO2, apenas 18 países contribuem com 80% destas emissões a nível mundial, conforme pode ser observado no gráfico que se apresenta. E Portugal não consta nesta lista.

Podemos então concluir que, a partir da análise dos dados mais recentes sobre emissões de CO2 que estamos (a Europa 27 e Portugal) excessivamente preocupados com a sua redução, quando:

• Portugal contribui com 0,14% para o total mundial das emissões, isto é, qualquer redução por muito significativa que seja em nada contribui para a redução total.

• A Europa (27) contribui com 8,30% para o total mundial das emissões, isto é, qualquer redução por muito significativa que seja em muito pouco contribui para a redução total.

De realçar que os custos dos investimentos e os custos operacionais das medidas que conduzem à redução das emissões de CO2 vão recair sobre as famílias e sobre as empresas, seja na forma de impostos seja nos brutais acréscimos da factura da energia, em particular da eléctrica.

Portugal, um país cada vez mais ‘pobre’ e endividado, não pode e não deve ter um comportamento de “campeão” nestas matérias, pois o custo é demasiado para a economia, para a competitividade das nossas empresas e para as famílias. Mesmo que Portugal tivesse zero de emissões apenas iria reduzir as emissões globais em 0,14%, isto é, em nada! Ou seja, o custo para a nossa economia seria uma enormidade para um resultado ZERO. Assim, entendo que o esforço de redução de emissões não pode ser repartido de forma igual, mas sim de forma proporcional à sua contribuição.

O que se acaba de afirmar pode ser observado aqui.

Apesar dos elevadíssimos esforços financeiros feitos, quer pelas famílias quer pelas empresas (a Europa no seu conjunto e por Portugal em particular), o ritmo de crescimento das emissões de CO2 não mostra sinais de abrandar. Isto significa que o preço que temos pago, nos últimos anos da obsessão pelo CO2, em nada contribuiu para a redução das emissões.

Esta conclusão permite justificar que o esforço de redução de emissões não pode ser repartido de forma igual, mas sim de forma proporcional à sua contribuição mundial. Só assim é que será possível inverter a tendência de crescimento que se continua a verificar.

 

*  Gases de Efeito Estufa (GEE). Dentre estes gases, estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), Perfluorcarbonetos (PFC’s) e também o vapor de água.