Philip Roth do outro lado do espelho

Até à sua morte, em 2018, foi uma obsessão de Roth deixar a sua biografia nas mãos de alguém que defendesse a sua obra e legado daqueles que pretendem fazer da literatura um concurso de beleza moral. “Philip Roth: The Biography” chegou por fim.

Dos 31 livros que publicou em 51 anos, o preferido de Philip Roth era “O Teatro De Sabbath”, que veio a lume em 1995. É não só o mais profano dos seus romances, uma obra que, com aquela prosa de recorte sóbrio, quase clássica, ainda que sórdida, está carregada de sexo, e podia ter sido escrita num imenso lençol, bastante sujo não só da tinta como de outras manchas e borrões, nesse esforço das sombras que persistem tentando alinhar-se com a vida. Numa carta a Saul Bellow, comentando as suas primeiras incursões literárias, Roth disse que tinha feito de tudo para se mostrar virtuoso, “virtuoso de formas que estavam a dar cabo de mim. E quando deixei o lado repelente entrar, foi então que descobri que estava vivo segundo os meus próprios termos”. No já referido romance, o protagonista, Mickey Sabbath, ouve esta reprimenda da mulher: “És tão doentiu como os teus segredos.” A frase não lhe cai bem, e acaba por virá-la do avesso: “Não era a primeira vez que ouvia esta sanção estúpida, superficial e sem sentido. ‘Errado’, disse-lhe… ‘Tu és tão aventuroso como os teus segredos, tão abominável como os teus segredos, tão solitário como os teus segredos, tão sedutor quanto os teus segredos, tão corajoso como os teus segredos, tão vazio quanto os teus segredos, tão perdido como os teus segredos.’” Roth por esta altura andava doente por se libertar da boa educação literária, dos enfezados maneirismos, empenhado em virar a moralidade do avesso, queria atingir a virtude de um grande blasfemo – “Predar, devastar e exterminar até atingir/ A desolação da realidade”, para citar os versos de um poema de Yeats que comove o seu protagonista. Por essa altura, gabava-se de que Céline era o seu Proust, e naquele romance o lado transgressivo e elegíaco combinavam-se na pena de um autor que entendia que o verdadeiro fracasso está em não se ser capaz de ir mais longe, numa crueldade capaz de prestar tributo ao poder cruel do mundo. E se começamos por aqui a notícia da edição de uma monumental biografia de 800 páginas, três anos depois da morte do último dos grandes romancistas sem-vergonha, dos impudicos machos que dominaram a literatura norte-americana na segunda metade do século XX, isto explica-se por, em grande medida, Roth ter sido um desses autores que mais se empenharam em livrar a literatura do pensamento correcto, dessas camisas-de-forças das convenções artísticas e sociais, insistindo sempre que “a literatura não é um concurso de beleza moral”. Há uma passagem em “O Teatro de Sabbath” onde Roth propõe uma ideia de como deve ser a arte, referindo-se à empresa do seu protagonista, um antigo actor, encenador e fantocheiro que “sobrevive graças a um inesgotável subsídio de ódio” (James Wood), falando de uma atmosfera “sugestivamente antimoral, vagamente ameaçadora e, ao mesmo tempo, travessamente divertida”. Roth adianta ainda que “o seu talento era indecoroso e brilhantemente repugnante”, e claramente eatava a descrever-se a si próprio.

“Philip Roth: The Biography” corresponde a uma das grandes obsessões de Roth, a de ter uma biografia que fosse justa com ele, que contasse a sua história, revelasse os aspectos da sua vida íntima, até os podres, sem, no entanto, se sobrepor ou degradar a importância da sua obra e legado. Esta é uma biografia autorizada, tendo Bailey sido escolhido pelo romancista, o que lhe garatiu um acesso irrestrito aos seus papéis, mesmo alguns destinados à destruição, entre eles dois manuscritos que os amigos de Roth o convenceram a não publicar. A tarefa de encontrar um biógrafo que lhe fizesse justiça ocupava o romancista desde há décadas, e chegou a cortejar alguns, tendo sentido desde muito cedo a morte e os seus emissários a fazerem-lhe o cerco, especialmente depois de lhe terem sido diagnosticados problemas cardiovasculares ainda antes dos cinquenta, o que levaria, em 1989, a uma cirurgia em que parte de uma veia da sua perna foi usada para desviar sangue para a aorta. E a grande preocupação de Roth era que a sua obra acabasse por ser considerada uma desbragada viagem iniciática no terreno da autoficção, hoje transformado numa vala a céu aberto cheio de cadáveres decompondo as suas desilusões com a vida e aflições pessoais tentando comover uma audiência treinada para se relacionar com a arte através do esquema da identificação. Ele insistia que os seus livros não deviam ser lidos como autobiográficos, e, no entanto, esticou essa corda o mais que pôde, multiplicando-se numa série de alter egos, aliciando os leitores através de uma curiosidade salaciosa em relação à sua vida privada. Neste jogo, um dos passos mais ousados de Roth, ocorre em “Os Factos”, as memórias que publicou em 1988, e que vai intercalando com cartas enviadas e recebidas de Nathan Zuckerman, o substituto ficcional que lhe é mais próximo. De resto, Roth disse que a decisão de pôr de lado a ficção foi por estar farto da sua “maquilhagem e dos falsos bigodes e da peruca”, o que não pode deixar de ser lido como uma admissão de que, na verdade, as suas personagens e enredos sempre procuraram, com mais ou menos jogos ficcionais, deter-se e até exorcisar os acontecimentos que marcaram a sua vida. E nos momentos mais pífios dessas sessões de auto-análise, a crítica não o poupou a acusações de ter transformado a sua obra num carrossel do ego, sempre a mesma volta, sempre o narcisismo e a estreiteza de ângulo: “Judaísmo, mulheres, Israel, o fardo do escritor, o eu antagónico: as personagens tinham-se tornado soldados de salão a cantarolar as suas raivas à volta do piano do romance”, resumiu James Wood. E o próprio autor deu amiúde sinais de se reconhecer nesse retrato, e, em “Zuckerman Unbound” (1981), o livro em que ele traça o paralelo com o próprio sucesso estrondoso que sobre ele se abateu depois da publicação de “O Complexo de Portnoy” (1969), que é até hoje o livro mais vendido da história da sua editora, a Random, fazendo dele um milionário e um pária junto da conservadora comunidade judaica, ali Nathan Zuckerman é bastante duro na forma como se descreve a si mesmo: “Traidor impiedoso das confissões mais íntimas que te são feitas, caricaturista implacável dos teus próprios pais, que sempre te deram todo o seu amor, repórter obsceno dos encontros com as mulheres com as quais estiveste ligado por profundos laços de confiança, sexo, amor – não, não te espantes que o clamor moral se abata sobre ti.”

Fosse como fosse, este era o seu privilégio enquanto escritor, o de se expor e de se massacrar, mas fazê-lo nos seus próprios termos, e no embalo de um torvelinho de revelações conflituantes, de pensamentos num e noutro sentido, abarcando vastos temas em que se perde a clareza das fronteiras entre o amor e a luxúria, a solidão, o casamento, a masculinidade, a vida da imaginação e a mortalidade, os seus tantos erros, e isto num exame que abrangia diversas formas, combinando elementos da comédia e da paródia, da sátira ou da tragédia, naquela prosa que se desloca a uma velocidade impressionante, que toma a vida na sua capacidade de rapto, absorvendo menos o detalhe do que a precipitação e o abalo, a sensação de tontura e de um confuso mal-estar. O que Roth não queria era que o seu processo caísse nas mãos de outros, que as armas que cedeu aos inimigos pudessem servir para neutralizá-lo mais tarde, quando deixasse de ser um duelo e se tornasse um alvo fácil daqueles juízos que via precipitarem-se sobre essa forma de arte a que dedicara toda a vida. Roth denotava um particular nervosismo diante dessa vaga que ele sabia que, mais tarde ou mais cedo, recolheria os seus ossos sem grande contemplação pela carne literária cujo peso são os leitores que, em cada época, têm de imaginar e suportar, e sabia que partiriam daí as principais objecções à forma como vivera a sua vida: “Toda esta merda desta conversa sobre misoginia!”, resmungava em privado. E numa entrevista que deu a Ross Miller, um académico que tentou aliciar para que escrevesse a sua biografia antes de a relação entre os dois azedar, disse: “Não é só virem com a conversa ‘Fodeu esta fodeu aquela fodeu a outra… Se estás a escrever a biografia do Henry Miller, do Norman Mailer, do D.H. Lawrence ou de qualquer homem que não tenha escondido a sua vida sexual, que raio podes tu fazer? Até a Colette! Porque razão não mereço eu a mesma consideração que ela merece. Não foi ela que fez um broche a um gajo qualquer numa estação de comboios? E daí, que raio é que isso importa? O que é que é suposto isso dizer-nos sobre ela? Porque é que fez isso e não se ficou por uma punheta?” Para Roth, se quisermos entender o significado que o sexo tem, primeiro teremos de abdicar de certas noções preconcebidas, indagar do seu sentido profundo, tantas vezes desesperado, dessa forma de virar o sagrado do avesso, de encarar o sexo como uma espécie de “liturgia do erro”. O narrador de “O Teatro de Sabbath” diz-nos que “O cerne da sedução é a persistência. Persistência, o ideal jesuíta (…) Um tipo tem de se consagrar a foder do mesmo modo que um monge se consagra a Deus. A maioria dos homens tem de relegar o foder para as margens daquilo que definem como interesses mais prementes (…) Mas Sabbath simplificara a sua vida e relegara os outros interesses para as margens do foder (…) O Monge da Fodição.” E James Wood lembra-nos que o protagonista deste romance “não deve ser entendido como real ou representativo, no sentido em que não se pensa em Zaratustra ou no princípe Míchkin de Dostóievski como reais (até porque é difícil imaginar alguém na vida real a masturbar-se em cima da campa da amante, como acontece com Sabbath neste romance); é uma figura excepcional, baptizado de forma emblemática e ofensiva, o ícone filosófico da inversão da vida espiritual, o padre da espiritualidade doentia, o golpe contra o ‘Sabbath’”.

A biografia agora publicada não se detém muito na leitura dos romances de Roth, embora Bailey tenha garantido ao Times que os leu a todos, alguns várias vezes. De resto, o biógrafo que começou por ambicionae ele mesmo uma carreira como romancista, admite que desde os anos 80 que seguia Roth e não esperava muito de cada vez que saía um livro para lhe deitar a mão. Mas não faz muito mais do que oferecer um resumo de cada um à medida que estes vão emergindo na cronologia, passando em revista a recepção crítica, mas foca-se sobretudo na vida cuja sombra e reflexo não se lança sobre a secretária nem surge capturada na página. Roth convenceu-se de que Bailey era a pessoa indicada para contar a sua história depois de ter lido a biografia que este escreveu de outro autor com uma tendência auto-destrutiva e que preferia atirar a verdade à cara dos leitores e só então preocupar-se com as consequências. Esse escritor era John Cheever. Benjamin Taylor, um dos amigos íntimos de Roth e o autor de “Here We Are: My Friendship with Philip Roth”, recordou-se, em entrevista ao Times, de que Roth ficou espantado ao ler a biografia que Bailey fez de Cheever: “Ele não julga o seu protagonista – limita-se a deixá-lo seguir com a sua vida. Comportar-se bem, mal, fazer o que quer que lhe apeteça. Não se sente qualquer tentação moralista. Esse é o tipo de latitude moral de que preciso numa biografia”, terá dito Roth. E, já em conversa com Bailey, depois de em 2012 lhe ter dado acesso a todo o seu espólio, à sua lista de contactos e aos seus segredos mais íntimos, disse-lhe: “Não preciso que me reabilites. Apenas quero que me tornes interessante.” Foi este o compromisso que Bailey assumiu, e, de acordo com David Remnick, editor da New Yorker, e amigo de Roth, o homem que emerge das páginas da biografia é um génio literário, que está constantemente a cometer erros, e que apesar do seu imenso sucesso nunca está muito longe do fracasso, que se sente ligado aos outros e é capaz de gestos de grande generosidade, mas também de os magoar profundamente, e que nunca deixou de se debater consigo mesmo e com a linguagem, provando uma devoção quase insana à arte da ficção.

Em resumo, não é difícil deitar um contorno sobre este inquieto personagem, neto de imigrantes que nasce no seio de uma família da classe média baixa, num pacato bairro de New Jersey maioritariamente habitado por judeus, que escreveu um escandoloso best-seller sobre a laustríbia como forma de evasão, e que foi vilipendiado como um desses judeus que se odeiam a si mesmos – ao ponto de Gershom Scholem, o reverenciado estudioso da história e do misticismo judaicos, ter afirmado que “O Complexo de Portnoy” era o livro pelo qual todos os anti-semitas há muito esperavam: “Atrevo-me a dizer”, prosseguia Scholem, “que na próxima viragem histórica, que não há-de demorar assim tanto, este livro fará de todos nós réus nalgum tribunal” –, seguem-se dois desastrosos casamentos e uma série de envolvimentos que inscrevem o nome de Roth entre a tradição donjuanesca, e isto enquanto se vai reinventando através de uma obra literária em que os diferentes registos, o balanço entre o cómico, a prodigalidade naturalista, o fulgor lascivo, as meditações metaficcionais, o braço-de-ferros consigo mesmo, o incessante monólogo dramático, tudo isso lança um cerco à vida, e vai-se expandindo da intimidade até à história norte-americana, de uma punheta até um golpe frio que rasga e expõe com grande amplitude as contradições da sociedade americana, não deixando de lidar a um nível bastante pessoal com temas como o envelhecimento e a mortalidade, a doença e o sofrimento, revoltando-se com o esquecimento e a morte, a forma como esta torna os homens preciosos e patéticos.

“Tudo, entre os mortais, tem o valor do irrecuperável e do fruto do acaso”, diz-nos Borges, e nos últimos livros de Roth encontramos essa função elegíaca, esse registo grave e cerimonioso, essa vertigem quando já só restam palavras, deslocadas e mutiladas, essa esmola que aproxima as horas dos séculos. Assim, Roth veio a impor-se como o maior romancista de língua inglesa, conquistando todos os prémios, e acabando até por se reconciliar com a comunidade judaica. So ficou mesmo a faltar o Nobel, mas segundo Bailey sugere, há muitos anos que um dos principais “divertimentos em Estocolmo” consistia em ignorar Roth, quando o seu nome era uma constante nas casas de apostas.

Mas, voltando à questão da misoginia, se a acusação tanto o inquietava era porque, como escreve Bailey, na vida de Roth as mulheres foram sempre aquilo de que nunca escapou e a que estava sempre a voltar. A primeira de todas foi a sua mãe, Bess, que, se não era tão sufocante como a mãe de Alex Portnoy, tinha um tão grande afecto por ele, uma tal adoração que nenhuma das mulheres com quem se envolveu podia igualar esse efeito consolador. Também o pai partilhava a devoção pelos dois filhos, Philip e o seu irmão Sandy, e deixou outras marcas, a começar pela sua ética de trabalho (12 horas por dia, seis dias por semana). Depois do sucesso de “O Complexo de Portnoy”, Roth abandonaria a cidade, tendo comprado uma casa de campo do século XVIII em Warren, no Connecticut, a que chamava a sua Fábrica da Ficção, e foi ali que, nas décadas que se seguiram, mantinha a disciplina de um monge no estúdio que mandara construir de propósito com vista para um prado. Se não estivesse a escrever pelas nove da manhã, martirizava-se dizendo para si mesmo que Bernard Malamud já teria picado o ponto há duas horas. Havia esse lado competitivo, mas havia também uma enorme confiança em Roth. “Aquele que é amado pelos pais cresce para se tornar um conquistador”, costumava dizer.

Foi na universidade que começou a entregar-se a essa forma de magia negra psíquica que passa por enredar sob a forma satírica os eventos da sua vida, e foi então que deixou de lado os planos de se tornar um advogado que se dedicaria apenas a causas justas, a defender os mais fracos, para se concentrar na escrita de breves ficções cheias de malícia. “Bibliografia pela manhã, mulheres pela noite”, era este o seu lema quando, aos 23 anos conheceu Maggie Martinson, com quem viveu o primeiro dos seus dois traumáticos casamentos. O que o atraiu para esta empregada de mesa, uma “falhada quatro anos mais velha que eu”, que tinha dois filhos ao cuidado do ex-marido, era precisamente esse lado caótico, as nódoas e arranhões que a vida lhe tinha deixado e que a tornavam uma figura bem mais turbulenta e caótica do que qualquer uma das suas anteriores namoradas. Na altura, aquele tipo ansioso por um embate de frente com a vida, viu em Martinson um teste à sua maturidade. Tudo começou por entre gargalhadas, e mais como um desses desafios que nos lançamos a nós mesmos. Roth quis ver se conseguia seduzir uma “shiksa” loira. Mas o tiro saiu pela culatra, e foi Martinson quem conseguiu acorrentá-lo dizendo-lhe que havia engravidado, servindo-se de uma amostra de urina que comprou por três dólares a uma sem-abrigo grávida, levando o teste de gravidez positivo a Roth e prometendo abortar se ele aceitasse casar-se com ela. Depois vieram as ameaças de que se a largasse se matava, mas foi só ao fim de três anos que Roth descobriu a tramoia de que ela se havia servido para o agrilhoar, e, por essa altura, tinha já escrito o seu primeiro livro “Goodbye, Columbus”, e com uma recepção bastante entusiástica, abandonara as ilusões de que valia a pena aturar o inferno para lhe sacar material, tendo dado início ao processo de divórcio. Os dois estavam ainda a meio de uma amarga contenda quanto ao valor da pensão que ela deveria receber dele quando, em 1968, Martinson morreu num acidente de automóvel. Pode-se dizer que Roth não ficou propriamente abalado com a notícia.

A segunda catástrofe foi o casamento com a actriz Claire Bloom, e ficou a dever-se não tanto à união em si, que durou duas décadas, mas à forma como ela o retratou no seu devastador livro de memórias “Leaving a Doll House”. Quase todas as relações que se seguiram foram com mulheres bem mais novas, e a teoria em que então se apoiava para este movimento de balanço garantia que a fome sexual esmorece quase sempre aa fim de dois anos. Tornou-se um impenitente sedutor, e embora lhe agradasse o lado da predação sexual, manteve frequentemente fortes laços de amizade com as suas antigas parceiras, tendo muitas delas acorrido ao seu leito quando estava já por um fio. Mas a libertação e a catarse a que os dois casamentos o conduziram foi o que impulsionou os dois momentos de ruptura na sua obra. “O Complexo de Portnoy” foi entregue ao editor pouco depois de saber da morte de Martinson. O outro grande abanão foi o fundo do poço que conheceu antes de se separar de Bloom. Tendo chegado a contemplar o suicídio, acabou admitido num hospital psiquiátrico aos 60 anos. Quando ela o visitou, também ela teve de ser sedada, e foi também internada. O uivo literário que se seguiu foi “O Teatro de Sabbath”, abrindo depois caminho para essa trilogia de inigualáveis romances históricos – “Pastoral Americana”, “A Mancha Humana” e “Casei Com um Comunista” – que fizeram dele essa figura incontornável que o estabeleceu, como assinalou o “The New York Times”, como “o último dos grandes homens brancos – com Bellow e John Updike – que dominaram as letras americanas na segunda metade do século XX”.