Juiz negacionista

Quando o magistrado resolve pôr em causa mais do que a legislação, a Saúde Pública, para defender as suas ideias, torna-se  óbvio que nunca devia ter ido para juiz, sujeitando os julgamentos a uma quantidade tão grande de subjectividade

por Pedro d'Anunciação

A PSP denunciou um Juiz negacionista ao CJPJ (que, pelos vistos necessitou de muito tempo para analisar um caso tão óbvio, que devia defender os cidadãos de um magistrado destes, o mais depressa possível; suspendê-lo de funções não é nenhum achado, porque seria o mínimo aceitável), de nome Rui Fonseca e Castro. Em causa, um apelo à desobediência civil, feito no Facebook pelo juiz a propósito das regras do confinamento.

Ainda por cima, quando o magistrado resolve pôr em causa mais do que a legislação, a Saúde Pública, para defender as suas ideias, torna-se  óbvio que nunca devia ter ido para juiz, sujeitando os julgamentos a uma quantidade tão grande de subjectividade – em vez  das suas obrigações para com a objectividade das Leis.

O juiz Fonseca e Castro foi advogado – entre outros, dos donos do restaurante Lapo, o tal que ficou famoso por ter aberto durante o confinamento – e um dos fundadores do movimento Juristas pela Verdade. Além de dever ser simpatizante da extrema-direita, que em todo o mundo tem estado contra a Saúde Pública (desde Trump a Bolsonaro, passando por outros exemplos igualmente fantásticos). Claro que a sua politicazinha tinha de vir ao de cima, quando disse em sua defesa estar a viver num país "governado por uma associação criminosa".

Também, para não variar muito, podia ser dos que defendem qualquer coisa menos o confinamento, exigindo aos Poderes Públicos uma imaginação que para isso não dão mostras de ter (como o PCP, por exemplo). Mais valia defenderem qualquer coisa concreta, se houver, que substituísse o confinamento e defendesse a Saúde Pública.