FMI. Economia portuguesa deverá crescer 3,9% em 2021

Já a taxa de desemprego deverá rondar os 7,7%. Entidade liderada por Kristalina Gueorguieva  melhorou a estimativa de crescimento da zona euro. 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para um crescimento de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) português este ano e uma taxa de desemprego de 7,7%. Os números foram avançados pela entidade liderada por Christine Lagarde nas Perspetivas Económicas Mundiais divulgadas ontem. Em relação à taxa de desemprego, o FMI estima que atinja os 7,7% em 2021 e 7,3% em 2022 depois de se fixar em 6,8% no ano passado em Portugal. De acordo com o relatório, o FMI estima agora, em termos mundiais, uma “recuperação mais forte em 2021 e 2022” em comparação “com as últimas estimativas, com um crescimento projetado de 6% em 2021 e de 4,4% em 2022”.

Ainda assim, a organização alerta que esta estimativa “apresenta desafios gigantescos relacionados com divergências na velocidade da recuperação” dos países, avisando ainda que há “potencial para danos económicos persistentes” devido à crise gerada pela covid-19.

Recorde-se que no Orçamento do Estado, o Governo apontou para um crescimento económico de 5,4% em 2021, mas já revelou que vai rever em baixa esse cenário em abril, quando apresentar o Programa de Estabilidade.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) reviu também em baixa as previsões de crescimento da economia nacional para 3,3% este ano, face às últimas estimativas que apresentou, de 4,8%. Por outro lado, no que diz respeito ao mercado de trabalho este ano, o CFP espera “um aumento da taxa de desemprego para 8,3% da população ativa e uma descida para 7,3% no ano seguinte, iniciando em 2022 uma trajetória de diminuição gradual até 6,5% no médio prazo”.

Revisto em alta

A entidade liderada por Christine Lagarde reviu, no entanto, em alta a previsão de crescimento para a zona euro em 2021 para 4,4%, uma vez que se espera que a Europa beneficie das consequências do pacote de estímulos dos EUA. Ainda assim deixa um alerta em relação ao possível fosso que poderá aumentar entre a zona euro e os Estados Unidos, que sairão mais rapidamente da crise da pandemia graças a uma vacinação mais rápida, porque o plano Biden de 1,9 biliões de dólares terá um impacto mais maciço e rápido na economia norte-americana.

Feitas as contas, a previsão anunciada para a zona euro é 0,2 pontos percentuais superior à publicada em janeiro, mas espera-se que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumente 6,4% este ano, uma revisão em alta, de 1,3 pontos percentuais.

A Alemanha deverá crescer 3,6% (mais 0,1 pontos do que estimado em janeiro), a França 5,8% (mais 0,3 pontos), a Itália 4,2% (mais 1,2 pontos) e a Espanha 6,4% (mais 0,5 pontos), enquanto o Reino Unido, que deixou o mercado interno europeu no início de janeiro, beneficia, tal como os Estados Unidos, de uma perspetiva melhorada graças a uma campanha de vacinação mais rápida do que na Europa continental.

O PIB britânico deverá crescer 5,3% este ano, de acordo com o FMI, que aumentou a sua estimativa em 0,8 pontos percentuais face à de janeiro.

Já a economia chinesa alcançou o seu nível pré-pandemia em 2020 e o mesmo é esperado com a economia americana. No entanto, lembra que, “na zona euro e no Reino Unido, a atividade deverá permanecer abaixo dos níveis do final de 2019 até 2022”, acrescentando que “estas diferenças podem ser explicadas pelas diferenças nas políticas […] de saúde pública em resposta à pandemia, flexibilidade e adaptabilidade da atividade económica à baixa mobilidade, tendências pré-existentes e rigidez estrutural anteriores à crise”.

O mesmo cenário repete-se em em relação às previsões crescimento económico global, apontando para um aumento de 6% em 2021, mais cinco décimas do que em janeiro, devido ao forte crescimento nos EUA e na China, mas alertou para divergências significativas devido ao ritmo desigual da vacinação. “As recuperações estão a divergir perigosamente entre e dentro dos países”, com economias com um ritmo de vacinação mais lento, apoio mais limitado e maior dependência do turismo “com pior desempenho”, disse a economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath.

Para 2022, o FMI prevê um crescimento global de 4,4%, mais duas décimas de ponto percentual do que há três meses.