Candidato liberal à pendura do Estado

Bruno Horta Soares, candidato liberal à Câmara Municipal de Lisboa, é fundador da Govaas, empresa que já recebeu 90 mil euros por serviços prestados ao Ministério da Saúde.

Depois da confusão com Miguel Quintas, o primeiro candidato liberal à Câmara Municipal de Lisboa, que desistiu ao fim de três dias do anúncio da sua candidatura, a polémica volta a atingir os liberais. Bruno Horta Soares foi o nome indicado para a corrida a Lisboa com as cores do partido fundado em 2017. O ‘plano B’ dos liberais, como os mesmos o batizaram, é consultor, foi professor convidado em universidades um pouco por todo o mundo, e é fundador e senior advisor da GOVaaS – Governance Advisors, as-a-Service, desde 2012.

O problema é que esta empresa celebrou, em 2016, três contratos com o Ministério da Saúde, em abril e agosto do mesmo ano, para «aquisição de serviços de assessoria em governance e gestão de SI», «aquisição de serviços de definição do âmbito de proteção das iniciativas de segurança da informação» e «aquisição de serviços de assessoria especializada em gestão risco e segurança», que totalizam verbas de cerca de 90 mil euros, segundo se pode verificar nos contratos, a que o Nascer do Sol teve acesso. Contratos estes que, defende fonte da candidatura de Bruno Horta Soares ao Nascer do Sol, prestaram serviços em «áreas críticas para qualquer entidade, incluindo o Estado, e que o Bruno ajudou a melhorar na Saúde». A mesma fonte defende não ver qualquer lógica nas críticas aos contratos entre a empresa do candidato e instituições públicas. «Essa é uma lógica sem sentido, similar aos argumentos espantalhos que dizem que os liberais, imagine-se, não deveriam poder usar, por exemplo, transportes públicos. A IL tem vários membros que são funcionários públicos, vários que têm contratos com entidades públicas e não temos nenhum estigma com instituições públicas, caso contrário não seríamos um partido a concorrer a cargos públicos», defendeu, garantindo ainda que «a Iniciativa Liberal defende um Portugal Mais Liberal, nunca defendeu um Portugal Sem Estado» e que «a Iniciativa Liberal acredita que o Estado tem funções essenciais, e nas funções que desempenhe deve trabalhar com os melhores», o que, em certos casos, defende, passa por instituições privadas. A fonte da candidatura aproveitou também ainda para relembrar que as ligações do candidato ao Estado passam também pela sua presença como professor convidado em várias universidades públicas, o que, defende, não causa qualquer conflito de interesses, tendo os convites sido «dirigidos por reconhecimento de competência profissional e que aceitou com enorme satisfação».

Sobre a possibilidade de esta ligação entre a empresa do candidato e as instituições públicas vir a influenciar a opinião pública sobre o candidato liberal, a fonte da candidatura desvaloriza, defendendo que «a única coisa que fica em causa é a disponibilidade para o Bruno Horta Soares colaborar com entidades públicas ou privadas nos próximos meses por estar dedicado a fazer uma campanha incrível que vai demonstrar às pessoas de Lisboa que é possível ter esperança num pós-pandemia com mais Iniciativa e mais Liberal».