Montepio. Mutualista sem apresentar contas para fintar prejuízos

O i sabe que o atual presidente está a ter dificuldades em obter apoios para a sua recandidatura à frente da Mutualista. 

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) ainda não apresentou as contas referentes a 2020. De acordo com os estatutos, a entidade liderada por Virgílio Lima já deveria ter apresentado os resultados no final de março, mas o i sabe que o atual presidente está a adiar a apresentação de resultados face à divergências com a auditora PwC.

Recorde-se que em 2019 apresentou perdas de  408,8 milhões de euros, sobretudo devido ao reforço das imparidades para o Banco Montepio, que comparam com lucros de 1,6 milhões de euros de 2018. Um dos pontos de discórdia está relacionado com o facto de o presidente da Mutualista querer reforçar os fundos para atenuar os prejuízos dos exercícios. Também a avaliação do banco é outro calcanhar de Aquiles e que ganha outros contornos face à situação financeira da instituição financeira: fechou o ano passado com prejuízos de 80,7 milhões. 

Este impasse surge numa altura em que terá de convocar a Assembleia Geral para proceder à votação do novo regulamento eleitoral da Associação Mutualista Montepio, e o i sabe que o atual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral – que ficou em funções após a saída de Tomás Correia em 2019 –  tem estado a tentar criar consensos internos para se apresentar às eleições, que deverão ocorrer até ao final do corrente ano. Para isso, tem vindo a colher a colaboração de Amândio Coelho, administrador da Bolsimo, participada da AMMG, que nas eleições passadas foi o mandatário da Lista A, encabeçada por Tomás Correia. Amândio Coelho e Carlos Areal (membro eleito do extinto conselho geral nas listas de António Godinho, concorrente que ficou em segundo lugar no sufrágio de 2018), tentaram organizar uma reunião presencial para o passado dia 12 no auditório da sede da AMMG na Rua do Ouro, em Lisboa. 

Na lista dos convocados constavam cerca de 20 associados, dos quais se destacavam Ribeiro Mendes, Miguel Coelho e António Godinho, ex-candidatos de eleições anteriores e quadros superiores do grupo como Amadeu Paiva, Pedro Alves, Rui Heitor, Pedro Líbano Monteiro, José Alberto Pitacas e Isabel Cidrais Guimarães. Também Manuel Ferreira, conselheiro eleito do extinto conselho geral constava da convocatória. 

Mas o i sabe que, alguns dos convocados foram desistindo da iniciativa e esta acabou por ficar sem efeito, sendo desmarcada já em cima da data prevista.

Dificuldade de obter apoios

Este episódio indicia que está longe de haver um consenso entre a estrutura de Virgílio Lima e as oposições, tudo apontando para que as próximas eleições venham a contar com três listas concorrentes: a lista de continuidade (que ganhou as últimas eleições encabeçada por Tomás Correia, e agora por Virgílio Lima), a lista de oposição (encabeçada por Ribeiro Mendes, Miguel Coelho e Costa Pinto) e uma possível lista de renovação interna de iniciativa de quadros do grupo, mas que até ao momento não apresenta nomes concretos.

O i sabe que tem havido dificuldades por parte de Virgílio Lima na obtenção de apoios fora do circuito habitual caracterizado por forte ligação ao PS. Se até ao momento, Lima já obteve o acordo de Maria de Belém Roseira para encabeçar a lista para a Assembleia de Representantes, tentou fazer o mesmo com António Bagão Félix, mas o ex-ministro declinou o convite. Também João Carvalho das Neves, professor universitário recusou o convite uma vez que foi recentemente indigitado para membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Apesar das questões recentemente levantadas pela ASF relativamente à falta de adequação de Idália Serrão para manter a responsabilidade dos pelouros Financeiro e de Contabilidade, Lima mantém a confiança na administradora militante do PS, agora com os pelouros das Residências para Idosos, Responsabilidade Social e Estudos Mutualistas.

Segundo as indicações da ASF, os candidatos às próximas eleições deverão ser sujeitos a autorização prévia após análise à idoneidade e adequação para o exercício de funções, apertando o escrutínio sobre os futuros administradores.