OCDE. Ajuda Pública ao Desenvolvimento de Portugal caiu 10,6 %

 Portugal junta-se assim à Grécia, República Checa e Itália. Em contrapartida, os EUA. Alemanha, Reino Unido, Japão e França continuam a ser os principais doadores.

A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) de Portugal sofreu uma quebra de 10,6% no ano passado relativamente a 2019, motivada pela diminuição das contribuições para as organizações multilaterais, segundo dados divulgados pela OCDE. Feitas as contas, deu cerca de 385 milhões de dólares (cerca de 323 milhões de euros), uma redução face aos 410 milhões de dólares (cerca de 345 milhões de euros) registados em 2019.

Deste total, já está incluído 10 milhões de dólares (8,37 milhões de euros) de custos com refugiados em Portugal, enquanto um milhão de dólares (mais de 837 mil euros) foi destinado a atividades diretamente relacionadas com a pandemia de covid-19, sobretudo no setor da saúde.

Portugal está entre os 13 países com reduções mais acentuadas de APD em 2020, grupo onde se incluem também a Grécia (-36%), a República Checa (-5,2%) ou a Itália (-7,1%), numa altura, em que financiamento ao desenvolvimento já tinha sofrido uma redução de 5,4% em 2019 face ao ano anterior.

No mês período, Portugal (143%) foi um dos estados com maiores aumentos, em termos reais, de empréstimos soberanos, juntamente com a Alemanha (69%), França (63%), Itália (55%) e Japão (11%).

No total, em 2020, a Ajuda Pública ao Desenvolvimento dos 29 países membros do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) totalizou 161,2 mil milhões de dólares (135 mil milhões de euros), representando 0,32% do seu rendimento nacional bruto combinado (RNB). Este valor representa um aumento de 3,5% da ajuda em relação a 2019, atingindo, segundo a OCDE, o nível “mais elevado de sempre”.

E a organização lembra que esta subida ”deve-se ao apoio dos membros do CAD a uma recuperação global inclusiva no contexto da pandemia e ao aumento dos empréstimos soberanos bilaterais por parte de alguns países”, adianta a organização.

De acordo com estimativas preliminares, os países gastaram 12 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros) em 2020 em atividades relacionadas com a covid-19, enquanto as instituições da União Europeia doaram 9 mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros).

Os Estados Unidos continuam a ser o maior doador (35,5 mil milhões de dólares), seguidos pela Alemanha (28,4 mil milhões), Reino Unido (18,6 mil milhões de dólares), Japão (16,3 mil milhões) e França (14,1 mil milhões).

Feitas as contas, os doadores das sete maiores economias mundiais (G7) foram responsáveis por 76% do total da ajuda pública ao desenvolvimento e o total dos países da UE que integram o CAD foi de 45%. A ajuda dos 19 países da UE que integram o CAD ascendeu a 72,7 mil milhões de dólares (60,9 mil milhões de euros), um aumento de 7,8% em termos reais relativamente a 2019 e equivalente a 0,50% do Rendimento Nacional Bruto combinado.

“Os países doadores esforçaram-se para apoiar os países em desenvolvimento que lutam contra as consequências sanitárias e económicas da covid-19, mesmo quando as suas próprias economias e sociedades foram atingidas”, disse a presidente do CAD, Susanna Moorehead.