AIP. “Começa a sentir-se a escassez de apoios às empresas”

Garantia é dada por José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa.

“Da mesma forma que a pandemia está longe de ser debelada, defendemos a continuação das medidas de apoio e resiliência das empresas para ultrapassarem a crise”. Quem o diz é José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), que deixa exemplos: “Moratórias, diferimentos de pagamentos de impostos, o layoff, as linhas de financiamento têm de continuar para evitar que se agrave a situação”, sugeriu o responsável na tomada de posse dos órgãos sociais da Associação Empresarial da Região da Guarda para o triénio 2021/23.

Comparando alguns dados da conjuntura económica de dezembro do ano passado com dezembro de 2019, o presidente da AIP não tem dúvidas: “Temos uma contração histórica do PIB, como não houve desde 1945 (-7,6%), uma quebra nas exportações de 19% e no de investimento de 5%. No que se refere à dimensão empresarial verificamos que a taxa de desemprego só cresceu 0,3%, correspondendo a mais 20 mil desempregados. As insolvências desceram em 2020 (-8%) e as dissoluções permaneceram praticamente iguais. Mas temos de concluir que perante este quadro, a combinação das medidas do Governo até dezembro de 2020 (moratórias, layoff, retoma progressiva, diferimento do pagamento de impostos e contribuições e financiamento das linhas covid) foram eficazes e aguentaram a situação”, lê-se num comunicado enviado pela associação.

Já no que diz respeito à atualidade empresarial, José Eduardo Carvalho diz que “começa a sentir-se a escassez de apoios às empresas. O valor per capita das medidas de apoio às empresas em Portugal foi de 23.636 euros. Na Europa, com apoios inferiores só ficaram três países: a República Checa, a Eslováquia e a Croácia. O grande problema é que em novembro iniciou-se uma inflexão. Ou seja, tal como se fazem conferências de imprensa quinzenais sobre a saúde, deveria haver igualmente conferências de imprensa com a mesma regularidade para aferir da saúde da economia”.

 Os desafios são muitos. “Precisamos de direcionar a nossa ação para projetos com aplicações no chão de fábrica com implicações diretas na produtividade. Necessitamos de fazer alterações significativas na dimensão das empresas. Só haverá alterações significativas na produtividade, na inovação, na intensidade exportadora e nos salários se a dimensão das empresas escalar. Vamos precisar de conceber e dinamizar instrumentos de financiamento”, disse, acrescentando que “a digitalização do tecido produtivo, a criação e de estruturas de mediação e arbitragem, e a dinamização da procura nos processos de fusões e aquisições” são desafios que se colocam às estruturas associativas.