Pandemia na política

A semana foi marcada pelos oitenta anos de Roberto Carlos, com muitas entrevistas, depoimentos. O cantor e compositor é uma rara unanimidade nacional. 

Por Aristóteles Drummond

A Comissão de Inquérito do Senado sobre a atuação do governo na pandemia e o uso dos recursos enviados aos governos regionais, ocupa o noticiário político e agrava a crise. Afinal a pandemia não acabou e já se convoca os ex-ministros da Saúde, general Pazzuelo e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, além dos atuais. Gravações do Presidente contra as medidas restritivas, sua resistência ao uso da máscara, sua habitual presença em aglomerações, ele e sua equipe, já circulam nas mídias sociais, com a repetição das críticas às políticas de isolamento. A responsabilidade do Presidente é investigada ainda pela compra de remédios não comprovados contra a covid, como cloroquina, para ampla distribuição pelo país. O que pode diluir o desgaste do Presidente Bolsonaro será mesmo a publicação das fraudes na compra de equipamentos médicos com os recursos repassados pelo governo central e os desvios dos recursos para pagar funcionários.

A novela da aprovação do orçamento provocou novo desprestígio ao ministro Paulo Guedes, fiador do governo nos meios empresariais. Analistas acreditam que ele está por um fio no cargo. Odesgaste político do governo envolve desencontros com sua própria base aliada no Parlamento. 

 
Da economia 

• Mesmo com pandemia, desemprego, gastos públicos pesando no aumento da dívida, a economia anda. Na área da carne, por exemplo, a pujança é tal que, mesmo na crise, as exportações aumentam. E empresas de porte médio como a Friesp, de Minas, investem. Esta, por exemplo, ao instalar um frigorifico em Londrina no Paraná, gerou seiscentos empregos diretos. A campeã mundial FRIBOI, comprou a Vivera, nos EUA, de alimentos orgânicos e carne vegetal e investe no Brasil numa unidade voltada para sua linha Gourmet de suínos e embutidos. A FRIBOI emprega mais de sessenta mil trabalhadores no Brasil, só nos frigoríficos.

• O mercado de capitais registra muitas desistências de lançamento de ações, como o banco BV, associação do Banco do Brasil e a família Ermírio de Morais. Algumas, como a Rede Mater Dei, de hospitais de alta referência em Minas e na Bahia, baixaram o preço das ações. O BNDES, banco público, vendeu mais uma fatia de sua participação na mineradora VALE e de debentures sem data de resgate, da mesma empresa, com sucesso. 

• A produção de motos em Manaus, polo da indústria no país, recuperou as perdas com a crise no auge da pandemia e voltou a fabricar mais de 120 mil motos por mês.

• Apesar do superávit nas contas internacionais, e das reservas robustas – 350 biliões de dólares –, o dólar tende a se valorizar diante do Real. A dívida interna imensa, demora nas reformas e risco de agravamento da crise politica geram forte desconfiança.
 
VARIEDADES

• O Prefeito do Rio, Eduardo Paes, de covid, pela segunda vez em menos de um ano. O Prefeito passa bem, em casa, trabalhando on-line. Ao marcar seus 100 dias no cargo anunciou um programa emergencial de recuperação da região central da cidade, muito afetada pela pandemia. Estima-se uma população de rua de cinco mil pessoas, das vinte mil da cidade. 

• O Prefeito Bruno Covas, de São Paulo, que convive com um cancro há três anos, anunciou que a doença se propagou para os ossos e o fígado. O Prefeito está internado. 

• E o Governador do Rio, Cláudio Castro, conseguiu que a Câmara desistisse de mudar o nome do Maracanã, de Mário Filho, para Pelé. O craque já tem inúmeros estádios com seu nome e o jornalista Mário filho, que foi dono do Jornal dos Sports, quando o futebol não tinha tanto espaço nas mídias, foi um defensor da obra monumental. Mário Filho era irmão do grande Nelson Rodrigues.

• A semana foi marcada pelos oitenta anos de Roberto Carlos, com muitas entrevistas, depoimentos. O cantor e compositor é uma rara unanimidade nacional. 

Rio de Janeiro, março de 2021