‘É a igualdade, estúpido!’

Só no inglês, em que ‘género’ e ‘sexo’ coincidem quase sempre, pode surgir a loucura e fazer uma linguagem inclusiva. Em qualquer outra língua é impossível.

Surgiu nos EUA, passou ao Canadá, depois a França importou-o para a Europa – e agora entra-nos portas adentro com o raffinement francês. É um vírus estranho, infeta as elites, as universidades – focos de irradiação da praga. O Governo e os partidos usam-no, a comunicação social espalha-o, por ser notícia e diversão.

As pessoas menos atentas riem-se, desvalorizando a epidemia. Quando e como acabará? Quando o povo perceber o que estão a preparar-lhe. Nos EUA começou a manifestar-se a revolta.

Para ilustrar o delírio idiotisador no registo da linguagem, transcrevo a demonstração lapidar do meu amigo Rodrigo de Sá Nogueira Saraiva. Usou um texto em duas línguas, mas omito o inglês por falta de espaço.

«Estou sentado numa cadeira forrada de cabedal pintado na cor verde. Escrevo numa secretária feita de uma madeira chamada mogno. Gosto de mogno por causa da cor que tem e, talvez principalmente, porque a luz brilha nele de maneiras diferentes – a isto se chama dicroísmo – o que faz os reflexos parecer dourados, encarnados, castanho-escuros, dependendo de onde os meus olhos e a minha cabeça estão em relação à madeira. Acho isso belo. Sobre a secretária está um candeeiro articulado que se move de tal modo que posso mudar a incidência da luz que vem da lâmpada.»

No texto inglês equivalente, não há uma única ocorrência de género feminino ou masculino. No português há dezassete.

Em inglês o ‘género’ usa-se, com raríssimas exceções, apenas para pessoas. E por isso alguns ideólogos (que não sabem gramática, bendita ignorância condição disto tudo) sugeriram que ‘género’ e ‘sexo’ são conceitos parecidos. Em qualquer outra língua europeia seria impossível.

Para mostrar que não é possível associar ‘género’ e ‘sexo’ em línguas complexas, note-se que liberdade, felicidade, fé, esperança, caridade, fortaleza, coragem, valentia, honra, alma, pessoa são femininos. Também o são desgraça, doença, peste, árvore, terra, morte. Mas universo, sistema, espírito, pensamento, destino, livro, tempo, são masculinos. E também terror, sarampo, esqueleto, fantasma. Como se vê, não há qualquer valoração do masculino e desvalorização do feminino.

Além disso, o neutro das línguas novilatinas é masculino. Porquê? Porque no latim vulgar as terminações em ‘s’ e ‘m’ deixaram de se ouvir, criando confusão entre neutro e masculino. O neutro desapareceu e ficou o masculino, exatamente com a mesma função gramatical. E não me sinto ofendido por me chamarem ‘pessoa’ ou dizerem que faço parte da ‘humanidade’ (ambas femininas).

Só no inglês, em que ‘género’ e ‘sexo’ coincidem quase sempre (as exceções são raríssimas), pode surgir a loucura de fazer uma linguagem inclusiva. Em qualquer outra língua é impossível. Vejamos:

«As/Os pessoas/pessoos, têm uma/um inteligência/inteligêncio que lhes permite exercer o/a poder do/da pensamento/pensamenta para criar mundos/mundas em que impera a/o justiça/justiço.»

Mas os franceses insistem. E cá deixou de haver escola há dezenas de anos…

Este disparate colocará o Ocidente na cauda da civilização. No mundo chinês ainda não conseguiram entrar.