“Fomos abandonados pelo Governo”

O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal lamenta os apoios atribuídos ao setor e garante que se as unidades tivessem sido fechadas por decreto, as ajudas teriam sido maiores. Neste momento 70% dos hotéis continuam fechados e destes 30% continuam sem data para abrir.

“Fomos abandonados pelo Governo”

 

Como está a atividade hoteleira? Alguma vez imaginou ver o setor turístico desta forma?

Nunca. Não era possível imaginar uma situação destas, só se houvesse uma guerra, que felizmente não é o caso. Mas esta situação é perfeitamente equivalente a uma guerra. Numa guerra as deslocações tornam-se perigosas e, neste caso, as deslocações são de risco. As pessoas não se deslocam porque há uma pandemia à escala global. Depois da primeira vaga estávamos todos convencidos que, à semelhança do que tinha acontecido na China, a situação iria demorar três ou quatro meses até voltar ao normal. Se assim fosse, as coisas não seriam muito complicadas, mas o que veio depois é que tornou tudo muito complicado: a segunda e a terceira vaga e o facto de a vacina não ter podido vir mais cedo. Essa situação é que ainda foi mais imprevisível.

Este ano perdeu-se a Páscoa e o Carnaval. Corremos o risco de perder também o verão?

A nossa situação interna está a evoluir bem. Está bem controlada, o plano de vacinação está a avançar e prevê-se que a imunidade de grupo seja atingida em agosto. Isso quer dizer que, quem queira vir para cá sente que o país é seguro. Penso que estaremos em breve na lista verde da Grã-Bretanha que tem dois índices: o número de casos diários aos 14 dias – onde estamos abaixo dos 120 – e a vacinação. Neste momento, tanto Portugal como Malta terão índices que irão permitir a deslocação dos britânicos. E o facto de haver países com a vacinação mais avançada irá permitir que os seus habitantes se desloquem a Portugal. Os britânicos são os nossos maiores clientes e acredito que a partir do dia 17 de maio vão poder viajar para cá.

No ano passado, a abertura do corredor aéreo foi anunciada tarde…

Não foi tarde foi quando tivemos números para isso. Não foi má vontade dos britânicos. Quando tivemos números que estavam dentro dos seus critérios eles vieram. Neste momento, os EUA têm 130 países, para os quais não aconselham viajar. Entre eles estão a maior parte dos países da Europa. No entanto, não impedem. Não sei quais são esses critérios, mas não faz sentido que Portugal e outros países europeus não estejam abrangidos. A Islândia, por exemplo, abriu os voos a quem estivesse vacinado. A Delta Airlines passou a voar diretamente dos Estados Unidos para a Islândia. É muito importante que, por um lado, tenhamos a nossa vacinação avançada para reduzir e controlar os casos e, por outro lado, o facto de haver países que estão mais avançados na vacinação permitirá que eles venham. A começar pelos britânicos e passando pelos espanhóis porque são clientes importantes para Portugal. Isso vai ocorrer quando? Para junho.

Isso implica abrir as fronteiras…

Obviamente que as fronteiras têm que abrir. Espero que na quarta fase, as fronteiras estejam abertas, nem que para isso fosse obrigatório ter vacina ou fazer testes. Estou de acordo que haja controlo. Por exemplo, os brasileiros são muito importantes para o turismo nacional, mas não podemos arriscar a tê-los de qualquer forma: têm de trazer teste e têm de fazer quarentena, pelo menos, até que as coisas melhorarem lá. A Alemanha cortou a entrada e a saída com a Índia. E por mais que queiramos direitos iguais, não pode ser nesta fase. Há um complexo na Europa com a situação dos direitos.

É o caso do certificado de vacinação. Há quem fale em discriminação…

Hoje em dia, no século XXI, as pessoas são complexadas com a discriminação. Mas somos todos diferentes, não há duas pessoas iguais. Se quiser ir para a África tenho que ter uma caderneta de vacinas. Numa outra situação até aceito essas dúvidas, agora numa situação de pandemia não. Então há 10% da população que está contaminada e impede que 90% possa viajar. Isso é que é discriminação.

Mas segundo os critério de vacinação ficam de fora os mais novos….

Mas também esses podem viajar. Os mais novos estão atualmente a viajar para Cancún. Isso é uma falsa questão. Discriminação é impedir que 90% não voe porque há 10% que estão contaminados. Se estes 90% fizerem o teste e não tiverem contaminados então poderão viajar. Agora ninguém tem culpa que 10% estejam contaminados e estes devem-se abster para o bem da maioria. As situações de direitos e deveres têm de ser naturalmente adequados.

A possibilidade dos turistas americanos poderão vir a viajar para a Europa desde que estejam vacinados poderá ser um balão de oxigénio?

Pode ser um balão de oxigénio principalmente para Lisboa e Porto e tem outra vantagem porque representa estadias mais longas. Esperemos que o Canadá esteja depois incluído nesta situação. Lisboa e Porto têm já nos americanos uma percentagem elevada de turismo.

E são também conhecidos por gastarem mais dinheiro…

Sim e é por isso que gostamos deles. Nas cidades há sempre mais tendência para o consumo. Os americanos são muito atraídos na Europa pela parte histórica porque não a têm.

Não serão os turistas americanos a salvar o Algarve?

Não. Quem vai tentar salvar o Algarve são sobretudo os britânicos. O Algarve vai ter obviamente um ano muito melhor do que o ano passado.

E já se nota nas reservas?

Sim, já houve um aumento de reservas nos hotéis no Algarve.

E o mercado interno?

É uma falsa esperança porque o mercado interno, no ano passado, foi importante, mas em valor absoluto desceu 30%. Esperemos que este ano volte aos valores de 2019 e isso seria muito importante. Os europeus, onde os portugueses vão estar incluídos, não vão viajar tanto em 2021 e a viajar vão optar por locais mais próximos. E nesse aspeto, os portugueses vão viajar mais pelo seu país. Acredito que vamos ter mais turismo interno do que o ano passado.

Mas o mercado interno tem sido maltratado nos últimos anos, principalmente no Algarve…

Vou todos os anos para o Algarve e não sou mal tratado. São maltratados por gastarem pouco? Pode acontecer pontualmente, mas também há turistas estrangeiros que não gastam muito.

Quantos continuam fechados?

No total andam à volta dos 70%.

Vão começar a abrir gradualmente?

Alguns vão começar a abrir já em maio, no Algarve, em Lisboa, no Porto. Mas os hotéis do interior têm-se mantido abertos porque têm registado uma boa ocupação. Aliás, a parte menos má da situação é que há hotéis no interior com melhor ocupação do que tiveram em 2019 porque há uma procura para zonas onde há menos gente por razões de segurança. Há hotéis com cinco ou 10 quartos que estão cheios, é certo que enchem facilmente, mas as pessoas não querem ir para sítios onde haja uma maior aglomeração. Qual foi a região do país que quebrou mais em termos de ocupação? Fátima porque é um sítio onde há mais aglomerações. Claro que Albufeira também sofre imenso porque há imensa concentração.

Este ano como está Fátima?

Sabemos que maio é o mês de Fátima. Temos informações que já há grupos a chegar.

A pouco e pouco pode-se começar a respirar um bocadinho de alívio?

Sim, pensamos que os turistas desde que possam começar a vir e desde que haja fronteiras abertas. Além do turismo interno que começa agora a funcionar porque já se pode circular pelo país, depois virão os estrangeiros, a começar pelos britânicos. A partir de junho vamos ter uma boa procura e os meses de setembro e outubro serão muito bons, em que iremos ter uma boa ocupação. Isto porque os países da Europa, nessa altura, também tenderão a ter a situação controlada e Portugal – a par de Espanha e Itália – tem um ótimo clima em outubro. Mas aí haverá uma maior preferência pelas cidades. Depois voltaremos a cair na época baixa, que será mais baixa do que o habitual. Antigamente tínhamos uma ocupação na ordem dos 40% e agora vamos ter uma época baixa na ordem dos 20%.

Para compensar estas quebras haverá uma tendência para subir os preços médios?

Não há. Na hotelaria só subimos preços à medida que temos maior ocupação. Se a ocupação fosse no sentido do aumento então teríamos essa tendência. Acredito que em setembro e outubro iremos ter preços interessantes.

Mas para isso não poderá haver recuos em matéria de desconfinamento…

Claro, a vacina como se está a ver é crucial para a redução dos casos e para haver menor perigo. Ninguém quer vir de férias para ser contaminado. Ninguém vai escolher vir para um país, que possa ser lindo, mas onde haja um elevado grau de risco. É o caso, por exemplo, do Brasil.

A imagem de Portugal no estrangeiro já está melhor?

Os números são o que são e quem quer viajar informa-se sobre como está a situação naquele país. Atualmente temos os melhores índices da Europa. A seguir a nós só os britânicos.

E para isso é necessário apostar na abertura em pleno de outros serviços, como a restauração?

Os fins de semana vão passar a ter um horário diferente face a este que era ridículo. É não só ridículo como contraditório. Quer dizer até às 13h tudo é possível e a partir daí não. O que é acontece? Os centros comerciais têm o dobro das pessoas que podiam ter. Se o horário fosse mais espaçado, as pessoas distribuíam-se. A situação sanitária deveria ter uma interpretação racional. Por exemplo, um dos fatores de maior contágio são os transportes públicos e nada se faz. Não se aumentou a oferta, que responsabilidade do Governo, nem se controlou os acessos. E mesmo sendo difícil de controlar, ao menos que, se aumentassem a oferta. Se não há mais comboios então deveria haver autocarros. Há tantos autocarros de turismo que estão disponíveis. Cerca de 80% estão parados.

Disse que 70% das unidades estavam encerradas. Há risco de algumas não voltarem a abrir?

Pensamos que há 30% que não vão abrir este ano e só abrirão para o março do próximo ano.
E dentro desses há alguns que não vão abrir mais porque os apoios do Governo ou são insuficientes ou vêm tarde.

O que vai contribuir para aumentar a taxa de desemprego…

Claro. A taxa de desemprego subiu por força de todas estas circunstâncias. Não foi só por causa do turismo, mas este pesou bastante. Quando começou a terceira vaga muitos começaram a despedir, o que continuou durante estes meses. O que vai acontecer? Quando entrarmos na época baixa, o turismo vai voltar a despedir. Os contratos já foram todos, nenhum foi renovado e todos tenderão a reduzir os seus custos por todas as razões e mais uma: apesar das nossas insistências, não foi alterada o facto de que em maio e em junho já não haverá o pagamento de 100% dos salários, o que é inaceitável porque não teremos turismo em maio e em junho para que 75% das pessoas estejam a trabalhar. É uma medida desajustada e desadequada.

Os hotéis não foram fechados por decreto…

Não estamos fechados por decreto no sentido direto, mas indiretamente estamos. Se as fronteiras estão fechadas e se até o país esteve fechado então estivemos fechados. E isso só nos prejudicou porque se tivéssemos fechado por decreto tínhamos tido mais apoios diretos. Ainda estamos à espera que o Ministério das Finanças autorize o apoio de tesouraria de 300 milhões de euros, quando o ministro das Finanças declarou que tem folga no Orçamento. Então se há essa folga há falta de capacidade do Governo para decidir.

Já tentou falar com o Governo para agilizar?

Todas as semanas estamos em contacto com a secretária de Estado que nos tutela, o ministro das Finanças não nos ouve. Não nos dá ouvidos, acho que só havia uma forma de resolver que era deixarmos de pagar impostos e aí talvez nos dessem mais importância.

Acha que há falta de sensibilidade?

Completamente. Fomos abandonados. A primeira fase correu bem com os apoios, em que 80% era garantido pelo Estado. Depois o Governo virou-se para as pequenas e micro empresas, mas a hotelaria basicamente tem médias e grandes empresas. Qualquer hotel de 10 quartos já não é uma pequena empresa. E as médias e grandes foram rejeitadas. Somos um parceiro rejeitado porque politicamente não é correto apoiar as grandes e médias empresas.

Mas é o mesmo Governo que, antes da pandemia, elogiava o setor e apontava-o como uma tábua de salvação da economia…

O Governo para governar tem que ter o apoio de partidos e há partidos que apoiam o Governo que acham que as grandes empresas não se devem apoiar. Até em termos de concorrência estamos a assistir a uma concorrência desleal. Por exemplo, uma grande ou uma média empresa, no caso da Taxa Social Única (TSU) é apoiada em metade, mas as pequenas empresas são apoiadas a 100%. Isto cria uma situação de desigualdade, as leis da concorrência estão violadas. Não queremos ser mal tratados, nem sermos tratados diferenciadamente.

Chegou a apresentar o plano SOS Hoteleira. Qual foi o feedback?

Algumas medidas avançaram, mas de forma incompleta. Pedimos uma linha de crédito à tesouraria exclusiva para o turismo, mas ainda não está disponível porque o ministro das Finanças não disponibiliza. Pedimos uma campanha de relançamento do turismo português porque quem não aparece esquece e se não aparecermos em promoção somos esquecidos. A secretária de Estado do Turismo diz-nos que está em preparação, mas depois sabemos que a campanha não sai porque o ministro das Finanças não faz a transferência de verbas para o Turismo de Portugal. Parte da promoção e do financiamento do Turismo de Portugal é feita através das receitas dos casinos, mas no ano passado, como não houve obviamente receitas, o Turismo de Portugal ficou com um ‘buraco’, em que é preciso que seja transferido dinheiro. Logo não há promoção porque o ministro das Finanças não assina.

E como vê a bazuca para o setor?

A bazuca não contempla o turismo diretamente, mas o Governo teve agora a feliz ideia de acrescentar às verbas dos subsídios de fundo perdido uma verba para empréstimos. São 2,9 mil milhões destinados à capitalização das empresas. É uma boa medida porque certamente terá uma taxa baixa que poderá ajudar na compensação das moratórias. Podemos ter uma tábua de salvação para as empresas que ficaram descapitalizadas por terem aumentado dívida. Mas esperemos que a solução seja adequada e que não seja para todas as empresas. Uma que esteja em situação de falência não pode ser apoiada.

Tem que haver critérios?

Tem que haver critérios que estejam referenciados em 2019.

E a falta de receitas do setor é bem visível também nas contas públicas. O setor tinha um peso muito significativo…

Isso é visível nas exportações, em que a maior percentagem vinha do turismo. Mas vai voltar a ser em 2022. O Governo tem a expectativa que 2022 vai ser um ano de crescimento do PIB por força do investimento público, mas as empresas públicas portuguesas não vão ter essa capacidade. Não há organização para fazer aquilo que o ministro das Finanças diz.

E o Governo deveria tratar melhor o setor até lá…

Como o turismo não tem empresas do Estado é o setor onde haverá menos participação do Estado. Agora a industrialização e a digitalização não é só energia verde. No turismo com boa promoção e boas infraestruturas -– nomeadamente aeroportos – fazemos a nossa vida.

Mas o novo aeroporto é outro calcanhar de Aquiles…

Mas vai acabar, o que é importante é não terminar com a Portela.

Seria sempre a solução Portela mais um?

Agora muito provavelmente não será Portela mais um. Será Montijo mais Portela. A solução que apareceu agora é tornar o Montijo um hub e a Portela passar a ser um aeroporto para os destinos mais próximos. Uma solução que faz sentido porque se tiver os voos de destinos mais próximos – Europa ou Norte de África – da Portela até ao centro de Lisboa gastamos meia hora. Estamos na periferia da Europa, não nos podemos esquecer disso e a possibilidade de termos um aeroporto junto à cidade é uma vantagem estratégica.

No caso do Montijo continua a haver resistência por parte das autarquias envolvidas….

Essa situação, felizmente, foi alterada. O PSD finalmente concordou que não faz sentido haver um distrito que impeça um investimento de interesse nacional. Para isso é preciso fazer o tal estudo de impacte ambiental estratégico onde estarão três soluções: Alcochete e Montijo + Portela e Portela + Montijo.

Como vê o caso da TAP? Apesar da quebra do turismo continua a ver a empresa como estratégica?

A TAP teve um passado cheio de erros. O ex-presidente da TAP, Fernando Pinto, disse que quando veio para a empresa era para a privatizar e ficou quase 20 anos até ser privatizada. Há todo o interesse em que a TAP seja privada e é esse o objetivo do Governo a longo prazo. Simplesmente estava financeiramente desequilibrada e, com a força da pandemia, piorou. O que foi feito de reforma na TAP também foi feito em outras companhias. O Governo alemão entrou no capital da Lufthansa. Não estamos a ser diferentes dos outros. Aquilo que ocorreu na TAP é que o passado recente foi mais pesado do que na maior parte das companhias. Por isso, o esforço é maior, mas uma vez feito e retomando a atividade turística, a TAP, a pouco e pouco, retomará o seu equilíbrio.

Mas para já, os custos são muito pesados…

São situações que veem de trás. Não faz sentido que pagássemos o dobro a empregados do que pagava a Lufthansa. Estava tudo errado: havia pessoal a mais, aviões a mais. Foi obrigada a ser redimensionada e o empurrão foi dado com a queda do tráfego aéreo.

E em relação à Groundforce. Como vê esta polémica?

Resulta da falta de turismo e a TAP ajudou na medida do possível porque adquiriu o equipamento. A Groundforce tem que se enquadrar nos apoios que existem para as empresas que faturam menos. Esse é o apoio que deve existir. As empresas que faturam menos de 75% têm os salários a 100% pagos. Aí há alguma coisa que está por explicar. Em boa verdade não devia haver falta de pagamento dos salários. A Groundforce há de estar com quebras de faturação iguais à TAP. Se a TAP tem apoio para os ordenados então a Groundforce também deveria ter.

E acha positivos os anúncios que têm sido feitos em relação à ferrovia?

Não é tão importante como a situação do aeroporto mas é importante. Por exemplo, uma das linhas que vai ser remodelada é Lisboa-Porto-Vigo. Isso quer dizer que vamos ter disponível um transporte ferroviário que percorre o país todo, inclusivamente para os espanhóis. É uma vantagem que terá algum reflexo no turismo. Depois há a linha do Algarve e, o que se anuncia é uma linha de transporte em todo o Algarve, o que é fulcral. Atualmente o transporte interno no Algarve é um desastre, as pessoas não têm capacidade de se deslocar.

Quanto às taxas turísticas faz sentido manter esse valor ou poderia ser repensado?

Estivemos desde sempre de acordo a aplicação das taxas. Num mundo evoluído é assim, desde Paris a Roma. Houve um aumento de despesas de apoio, desde o lixo até vias de transporte. Tudo isso teve maior desgaste por causa do turismo. E a par de outras obras também está prevista a construção do Centro de Congressos mas, tanto quanto sabemos, está na gaveta por não haver entendimento onde é que deve ser feito. Portanto estamos a avolumar receita. O que sugerimos ao presidente da Câmara de Lisboa e também ao do Porto é que as receitas da taxa de turismo sejam usadas para a promoção da cidade no sentido de que, para uma determinada noite, para um determinado valor, haja uma parte que possa ser usada em voucher, que fosse cedido pela câmara através da taxa turística. O que importava agora era utilizar essa verba que não se gastou na promoção das cidades. O município de Fátima ou de Ourém contribui 20, 30, 40 euros consoante a unidade ser de quatro ou cinco estrelas. Isso seria importante para servir de chamariz, não seria para sempre, mas este ano faria todo o sentido

Os autarcas de Lisboa e Porto mostraram alguma recetividade?

Já propusemos isso há um mês e ainda não tivemos resposta. Daqui a pouco já é tarde.

Para já o valor está nos cofres sem destino…

Está . Outro destino da taxa turística em Lisboa que foi importante foi para a conclusão do Palácio da Ajuda que será inaugurado em breve . A somar há ainda o Pilar 7, mais outros investimentos.

Estamos quase nos Santos Populares. Apesar da pandemia seria importante haver algumas festividades tanto em Lisboa como no Porto?

Acho que os turistas não vêm para aglomerações.

Têm receio?

Sim, têm. Em junho e em julho ainda vamos estar numa situação menos controlada.

Seria importante abertura dos bares e discotecas? Estão fechados desde o início da pandemia…

Claro. Os bares e as discotecas são importantes. A Grã-Bretanha já abriu. Porquê? Porque tem um grau de vacinação muito elevado. Em Portugal, com certeza, que quanto tivermos a imunidade de grupo – lá para agosto – não vai fazer sentido que os bares e as discotecas continuem encerrados.

E também é importante para a própria oferta turística…

Claro que é importante para a oferta turística. Se as pessoas chegarem cá e não têm esses espaços disponíveis, as coisas não são tão interessantes.