“Desde que me mudei para São Tomé, senti-me sempre em casa”

Madalena Ortigão tem 28 anos e é nutricionista numa ONG em São Tomé. Dá consultas de nutrição materno-infantil, ‘a crianças até aos 5 anos e a mulheres grávidas e a amamentar’.

Madalena Ortigão estudou Ciências da Nutrição e é nesta área que abraça já há dois anos um desafio profissional em São Tomé. Viajou de Portugal para o país do ‘leve-leve’ em 2019, tinha à data 26 anos: «Surgiu uma oportunidade de trabalho atrativa numa área de que gosto muito e fui. Não tinha pensado no destino, já tinha esta área em vista e caso surgisse esta oportunidade, em São Tomé ou noutro país qualquer, eu iria atrás dela. É mesmo pelo trabalho em si». 
Nutricionista numa Organização Não Governamental (ONG), o dia-a-dia da jovem portuguesa passa por dar consultas de nutrição materno-infantil, «a crianças até aos cinco anos, a mulheres grávidas e a mulheres a amamentar». 

«Lido principalmente com má nutrição, o objetivo passa por melhorar o estado nutricional da população materno-infantil», resume.

Antes de se ter mudado para São Tomé, Madalena já tinha vivido em Macau durante seis meses, pelo que o «choque cultural não foi muito grande». «Como também é um País de Língua Portuguesa, acaba por ser um país muito próximo, não só pela língua como pela cultura e história que partilhamos. Para mim, não foi muito difícil. Senti-me em casa desde que aqui cheguei», adianta.

A ilha faz justiça ao lema pelo qual é conhecida: ‘leve-leve’. É assim o estilo de vida, como confirma a jovem nutricionista. «É muito tranquilo. As preocupações que existem aqui são bastante mais graves, uma pessoa aprende a relativizar, mas o resto é tudo muito tranquilo, é uma vida muito tranquila», afirma, adiantando: «São pessoas muito simpáticas, amigáveis, hospitaleiras, sorridentes e com quem dá vontade de conviver e de conhecer».

Ainda assim, e por estar naturalmente mais ligada ao universo feminino, sobretudo pelo cargo que desempenha, Madalena realça as ainda diferentes posições de género em São Tomé e Príncipe: «A posição da mulher em São Tomé é muito associada a estar em casa, a cuidar da casa, das crianças, a lavar a roupa, a loiça, a preparar a comida e, quando o marido chega, dá dinheiro para a mulher ir comprar comida». «A mulher, em São Tomé, é a gestora da casa», conclui.
Nos tempos livres, Madalena Ortigão aproveita para conviver com a comunidade portuguesa no país, bem como com os outros ‘estrangeiros’. 

A jovem aproveita os fins de semana sobretudo para ir à «praia», «fazer caminhadas, trilhos na natureza e também mergulho recreativo», uma das principais atividades nos seus tempos de descanso.

No último ano, face ao contexto pandémico, aproveitou para viajar para Portugal, onde permaneceu uns meses em regime de teletrabalho. Algo que habitualmente costuma acontecer apenas duas vezes por ano – visita a família e os amigos no verão e na época natalícia.

O futuro próximo da jovem nutricionista continuará a passar por São Tomé: «Continuarei em São Tomé enquanto estiver a gostar e enquanto estiver bem».