CDS questiona Governo sobre eventual fim de touradas na RTP

“Vai o contrato de concessão permitir a devida liberdade editorial e de programação ou vai a tutela política condicionar essas escolhas de acordo com uma política de gosto?”, questiona.

Os deputados do CDS-PP questionaram o Governo sobre o eventual fim das transmissões televisivas de corridas de touros na RTP.

“Vai, ou não, a RTP respeitar a obrigação de serviço público de rádio e de televisão abrangente, diverso e de qualidade para todos os cidadãos, e continuar a dar à tauromaquia o espaço televisivo a que tem direito, enquanto parte integrante do património cultural português?”, questiona a bancada parlamentar centrista num requerimento.

O CDS deixa ainda uma questão ao Ministério da Cultura: "Vai o contrato de concessão permitir a devida liberdade editorial e de programação ou vai a tutela política condicionar essas escolhas de acordo com uma política de gosto?", lê-se.

De realçar que, antes do requerimento, o vice-presidente do CDS, Paulo Duarte, acusou o Governo socialista de ter uma “política de absoluta desconsideração pela tauromaquia e pela liberdade de escolha, certamente influenciada pelos partidos da extrema-esquerda”.

“As transmissões televisivas obtêm uma média por corrida na ordem do meio milhão de telespetadores, atingindo sempre picos de 700 mil telespetadores por corrida. Isto faz com que as touradas sejam dos programas mais vistos, na RTP, além chegarem a liderar as audiências em vários horários”, disse em comunicado, acusando o Executivo socialista de tentar “impor o seu gosto aos mais de três milhões de portugueses aficionados, censurando uma das práticas culturais mais antigas do nosso país”.

De realçar que o contrato de concessão da RTP, celebrado em 2015 e com a duração de 16 anos, está em discussão pública para uma primeira revisão. O jornal Público noticiou, recentemente, que o contrato em questão defende que a programação da RTP deve respeitar o “bem-estar dos animais” e a “sustentabilidade ambiental”.

Questionado sobre o assunto, Nuno Artur Silva, secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, afirmou que embora a decisão "seja autonomia editorial do diretor de programas, a inclusão desta proposição no contrato será dificilmente compatível com a transmissão de espetáculos cujo centro é uma situação em que há sofrimento animal".