Costa defende que recuperação só terá sucesso “se for justa e inclusiva”

Chefe do Governo admite que é importante a União Europeia (UE) “não se atrasar nas transições climática e digital”, mas sem “esquecer o outro lado da moeda destas transições”.

Costa defende que recuperação só terá sucesso “se for justa e inclusiva”

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu, esta sexta-feira, que chegou o momento de “pôr em marcha” a recuperação económica e social com base na transição climática e digital. No entanto, alertou, que estas transformações só terão sucesso se forem justas e inclusivas.

“Vivemos tempos de exceção, a covid-19 revelou a importância de um estado social forte”, começou por dizer António Costa, na sessão de abertura da Cimeira Social, no Porto.

“Chegou o momento de pôr rapidamente em marcha a recuperação económica e social com base nos motores das transições climática e digital. Mas esta recuperação só será sustentável e bem-sucedida se for justa e se for inclusiva”, defendeu, considerando que estas transições “geram oportunidades, mas geram também grandes angústias e muita ansiedade”.

“Como qualquer transformação económica e social, estas mudanças geram criação, mas também geram destruição. Trazem a ansiedade a milhões de trabalhadores confrontados com novas formas de trabalho, trazem a virtualização de direitos tão duramente conquistados e suscitam também receios às pequenas e médias empresas que temem perder competitividade com as novas exigências ambientais”, frisou.

Desta forma, Costa admite que é importante a UE “não se atrasar nas transições climática e digital”, mas sem “esquecer o outro lado da moeda destas transições”.

“Daí, a necessidade de um forte Pilar Social para combater as desigualdades, para criar novos empregos, assegurar a requalificação e a proteção social nestes processos de transição. A recuperação com base na dupla transição climática e digital só será bem-sucedida se nos tornar mais fortes e mais coesos enquanto sociedade”, defendeu, sublinhando que o plano de ação que partiu da Comissão Europeia “não é apenas uma resposta à atual conjuntura, mas é sobretudo um instrumento de futuro”.

“O sucesso destas transições não se mede só na redução de dióxido de carbono ou na competitividade das empresas impulsionadas pelo digital. Mede-se também na capacidade de criar mais e melhores empregos”, reiterou.

O primeiro-ministro aproveitou ainda o seu discurso para falar “nas múltiplas fragilidades que ainda subsistem nas nossas sociedades” e que a covid-19 revelou e citou o Papa Francisco.

“O trabalho digno e com direitos não tem apenas a ver com a dignidade da pessoa humana, como repetidas vezes tem sublinhado o Papa Francisco. O trabalho digno e com direitos é também uma questão de resiliência e de sustentabilidade das nossas sociedades”, disse.

“Uma sociedade precária não é uma sociedade resiliente. A recuperação não pode atender apenas à emergência presente e chegou o momento de combinar emergência com recuperação”, rematou.