Candidaturas do Montepio já mexem

As candidaturas para as eleições para a liderança da Associação Mutualista vão ganhando novos contornos depois de entidade ter apresentado prejuízos de 18 milhões em 2020.

Já começou a contagem decrescente para um grupo de associados da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) avançar com uma candidatura às eleições de dezembro. O anúncio deverá ser feito no próximo dia 12 e irá contar com vários nomes que fizeram parte ou apoiaram as listas da oposição a Tomás Correia nas últimas eleições. Entre eles, estará Miguel Coelho, antigo administrador da mutualista que deverá encabeçar a candidatura, a que se junta Fernando Ribeiro Mendes – que concorreu ao último ato eleitoral – assim como Pedro Corte Real. «O contínuo agravamento da crise financeira e de governo da AMMG torna cada vez mais difícil conceber e implantar soluções suscetíveis de a reparar sem que decorram graves e penosas consequências para a sua independência e para a situação dos seus associados e trabalhadores», afirma este grupo.

A par das perdas também as divergências com a auditora PwC têm feito soar alarmes junto dos associados da Mutualista. Tal como o jornal i avançou, o auditor voltou a colocar reservas à capacidade de recuperação dos impostos diferidos registados no balanço, que passaram de 833 milhões para 868 milhões. E os alertas não ficaram por aqui. «Tendo por base as projeções apresentadas pela administração, a entidade não demonstra capacidade para gerar resultados tributáveis suficientes que permitam recuperar parte substancial dos ativos por impostos diferidos registados», acrescentando ainda que os valores apresentados no balanço em 31 de dezembro de 2020 e em 31 de dezembro de 2019 «encontram-se sobreavaliados por um montante materialmente relevante, a magnitude do qual não estamos em condições de quantificar, dada a incerteza inerente às projeções dos resultados tributáveis».

Recorde-se que em 2019 apresentou perdas de 408,8 milhões de euros, sobretudo devido ao reforço das imparidades para o Banco Montepio, que comparam com lucros de 1,6 milhões de euros de 2018. Um dos pontos de discórdia tem estado relacionado com o facto de o presidente da Mutualista querer reforçar os fundos para atenuar os prejuízos dos exercícios. Uma situação que voltou a repetir-se.

A auditora colocou também reservas em relação à continuidade da atual administração. «Estas condições indiciam que existe incerteza material relacionada com a continuidade», referiu o documento a que o i teve acesso, acrescentando ainda que «a continuidade das operações encontra-se dependente, nomeadamente, da concretização do Plano de Ação e Orçamento para 2021, aprovado pelo conselho de administração em 9 de dezembro, tendo presente o atual contexto desfavorável, associado aos eventuais impactos da pandemia».

Estas incertezas surgem numa altura em que a Mutualista terá de convocar a Assembleia Geral para proceder à votação do novo regulamento eleitoral da Associação Mutualista Montepio, e o Nascer do SOL sabe que o atual presidente da associação tem estado a tentar criar consensos internos para se apresentar às eleições.

O nosso jornal sabe que tem havido dificuldades por parte de Virgílio Lima na obtenção de apoios fora do circuito habitual caracterizado por forte ligação ao PS. Se até ao momento, Lima já obteve o acordo de Maria de Belém Roseira para encabeçar a lista para a Assembleia de Representantes, tentou fazer o mesmo com António Bagão Félix, mas o ex-ministro declinou o convite. Apesar das questões recentemente levantadas pela ASF relativamente à falta de adequação de Idália Serrão para manter a responsabilidade dos pelouros Financeiro e de Contabilidade, Lima mantém a confiança na administradora militante do PS.