Costa. Projeto europeu sempre exigiu “muita persistência e criatividade”

Von der Leyen e Sassoli desafiam cidadãos cidadãos a participarem ativamente na Conferência sobre o Futuro da Europa.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. António Costa recorreu à primeira estrofe do poema de Luís de Camões para justificar a necessidade da Conferência sobre o Futuro da Europa, na cerimónia oficial de inauguração deste fórum e para sublinhar as diferenças entre o que é hoje a União Europeia e o projeto inicial, lançado há 71 anos.

“Há muito que não somos os seis países que se propunham criar um mercado comum do carvão e do aço. Fomos sempre crescendo na nossa vontade de fazer mais em comum, alargando sucessivamente a nossa diversidade com novas adesões. E há uma história de sucesso de que nos podemos orgulhar”, declarou o primeiro-ministro português, lembrando que “agora, tudo parece óbvio, natural e, até ao Brexit, até parecia irreversível”, mas “a verdade é que a História não tem essa linearidade indolor” e o projeto europeu exigiu sempre “muita, muita persistência e criatividade”.

Para o chefe de Governo, há várias questões às quais é necessário dar resposta. É o caso, por exemplo, da necessidade de conjugar valores comuns com o respeito pelas identidades nacionais ou como articular os interesses nacionais com a solidariedade, nomeadamente na gestão da imigração.

Já a presidente da Comissão Europeia lembra que “a conferência é para todos os europeus debaterem uma visão partilhada sobre o que queremos para a nossa União”, disse Ursula Von der Leyen, que garantiu ter plena noção de que “há sempre ceticismo e cinismo sempre que a Europa debate o seu futuro ou lança um projeto desta natureza”.

A responsável disse ainda que “a UE deve ser o que os europeus querem que ela seja”, reiterando o seu compromisso de que “será dada sequência ao que quer que seja acordado” no final desta conferência, que disse esperar que proporcione igualmente “um diálogo estruturado entre gerações”, em matérias vitais como as alterações climáticas.

Por seu lado, o presidente do Parlamento Europeu referiu que “era importante iniciar este grande exercício de democracia, de participação, na casa dos cidadãos europeus em Estrasburgo”, a sede do Parlamento Europeu, e aproveitou para fazer votos para que as sessões plenárias regressem “muito em breve” a esta cidade francesa, que não as acolhe desde março de 2020, devido à pandemia.