Mais de 300 palestinianos feridos por polícia israelita

Rota do desfile nacionalista foi alterada de forma a evitar zonas muçulmanas. Confrontos deixam um rasto de feridos palestinianos.

A brutalidade das forças armadas israelitas continua a assombrar os palestinianos, tendo provocado, esta segunda-feira, pelo menos mais de 300 feridos, em protestos na Cidade Velha de Jerusalém.

Os confrontos, que se prolongam há três dias, registaram-se depois de a polícia israelita ter voltado a tomar de assalto a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, um dos locais mais sagrados do Islão, onde dias antes tinha ferido cerca de duzentos palestinianos com granadas atordoantes e balas de borracha durante as orações da noite.

Neste novo confronto, as autoridades lançaram gás lacrimogéneo e granadas atordoantes contra os palestinianos, que responderam lançando pedras e outros objetos.

Segundo números avançados pelo Independent, pelo menos 305 palestinianos, incluindo médicos, foram feridos, e 228 pessoas tiveram de ser hospitalizadas.

Pelo menos três palestinianos terão perdido um olho depois de serem atingidos por balas de borracha e cinco pessoas encontram-se em estado grave, reportou o canal televisivo AJ+.

Estes são os ataques mais violentos levados a cabo pelas autoridades israelitas desde 2017, informou a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino.

Face aos desenvolvimentos dos incidentes, a polícia israelita decidiu alterar, à última hora, a rota da marcha de forma a evitar as zonas muçulmanas.

Alta Tensão Este novo capítulo da repressão levada a cabo por Israel à Palestina acontece no mesmo dia em que foram organizadas as paradas anuais, em que sionistas, judeus nacionalistas, atravessam os bairros muçulmanos de bandeiras na mão, para celebrar o Dia de Jerusalém, que assinala a ocupação da zona este de Jerusalém por parte de Israel, em 1967, uma ação que não é reconhecida por grande parte da comunidade internacional.

Este evento é considerado pela comunidade palestiniana um insulto, e a sua confirmação surge após diversos ataques ao longo do fim de semana, que deixaram centenas de palestinianos feriados. Na origem dos confrontos esteve a notícia de que seis famílias foram despejadas das suas casas em Sheikh Jarrah, um bairro palestiniano no leste de Jerusalém, uma ação que acabou por se tornar um símbolo do esforço de Telavive para afastar palestinianos de regiões estratégicas.

Em comunicado, a polícia israelita alegou que os culpados pelo descontrolo da situação foram “extremistas”, enquanto o Presidente de Israel acusou os meios de comunicação de reportar estes conflitos “erroneamente e enganosamente”.

O primeiro-ministro israelita defendeu que deve ser mantida a liberdade de religião, mas ameaçou que não irá permitir “tumultos violentos”. “Israel reagirá com força a cada ato de agressão proveniente da Faixa de Gaza”, disse.

Ainda no final de abril, a ONG Human Rights Watch divulgou um relatório que acusava o estado israelita de praticas abusivas que constituem crimes de apartheid e perseguição contra árabes e palestinianos. Segundo o direito internacional, isto equivale a crimes contra a humanidade.