A exceção e a regra

Não é difícil imaginar o que teria acontecido se o almirante Gouveia e Melo não tivesse substituído o sujeito do PS no comando da operação. 

1.O SNS anunciou que mais de 2,5 milhões de portugueses já receberam a primeira dose da vacina e quase 900 mil já a completaram. 

Não é difícil imaginar o que teria acontecido se o almirante Gouveia e Melo não tivesse substituído o sujeito do PS no comando da operação. 

Essa mudança significou a troca do caos pelo planeamento e organização; da confusão pelo critério; da incompetência pela competência; da negligência pelo sentido de responsabilidade. E isto desde o topo à base, em toda a pirâmide do processo de vacinação. Nunca mais se ouviu falar em desperdício, arbitrariedades, aldrabices na administração da vacina. Uma simples alteração no topo e toda a cadeia passou a cumprir. Pode, pois, aplicar-se ao fenómeno uma variante da frase antiga: «Um rei forte revela a força da (aparente) fraca gente».

Portugal assistiu, de modo inequívoco, quase caricatural, às virtudes da meritocracia. 

2.E se fosse esta a regra e não a exceção, que país seríamos? É que a regra tem amarrado as qualidades dos portugueses, sugado os recursos do país, mantido Portugal na cauda da Europa. E irá fazer com que se desperdicem os milhões que agora aí vêm (e para isso lá parece estar o tal procurador, no que é a vergonha nacional maior em quase mil anos de História). A regra que tem determinado a nomeação de diretores-gerais e ministros… 

No caso da pandemia, repare-se nas mortes que poderiam ter sido evitadas se, desde o início, estivesse no comando do combate – no Ministério e na Direção-Geral da Saúde – outra gente. 

3.Logo no princípio da pandemia pedi um militar qualificado para dirigir o combate ao inimigo cuja natureza viu logo quem soube e quis ver. Estava em causa a vida das pessoas. É rever as declarações dos (ir)responsáveis: que o vírus não chegaria cá e que as máscaras eram inúteis. E, depois, o confina/ desconfina, o zero controlo nas fronteiras. Controlo que era determinante, que se sabia ser a primeira ação de defesa. 

Há três dias, um amigo meu vindo de Angola, onde reside, entrou em Portugal sem lhe pedirem o formulário que preenchera em Luanda! Não sabem donde veio nem para onde vai…

O resultado dessa incúria foi um número de vítimas intolerável para um país com as características naturais de Portugal: situação no extremo da Europa, só com uma fronteira terrestre, baixa densidade populacional. A China, com uma população 155 vezes maior, teve menos mortes. E Taiwan, Coreia do Sul, Nova Zelândia, o pequeno mas concentrado Macau, também… Porquê? Porque têm governos de qualidade, meritocráticos! 

4. Veja-se o contraste entre a postura das pessoas dos partidos e a do almirante Gouveia e Melo. A sua palavra clara e firme, o sucesso da sua direção, vêm provar o que é há muito evidente:

Apesar do empenho que tem sido desenvolvido por quase todos os governos para degradar, desvalorizar, desperdiçar o contributo inestimável da instituição militar, cuja diferença contrastante os ameaça, é nela que em geral ainda resta uma reserva de competência, disciplina, responsabilidade cívica, consciência de serviço público e sentimento patriótico. 

5. Resolvida a emergência, não é difícil prever o destino do exemplo do almirante Gouveia e Melo: a prateleira.