Arrancam as candidaturas às eleições da Mutualista

Grupo de associados organiza hoje conferência, o que poderá dar lugar a pré-candidatura às eleições.

“Mutualismo: que futuro?”. Está dado o mote para que um grupo de associados se ponham a postos para concorrer nas próximas eleições contra o atual presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). A conferência marcada para hoje vai contar com nomes como Miguel Coelho, Fernando Ribeiro Mendes – que concorreu nas últimas eleições contra Tomás Correia – Carlos Areal, Eugénio Rosa, Rui Leão Martinho e Pedro Corte Real.

“O contínuo agravamento da crise financeira e de governo da AMMG torna cada vez mais difícil conceber e implantar soluções suscetíveis de a reparar sem que decorram graves e penosas consequências para a sua independência e para a situação dos seus associados e trabalhadores”, afirma este grupo.

A par das perdas, também as divergências com a auditora PwC têm feito soar alarmes junto dos associados da Mutualista. Tal como o jornal i avançou, o auditor voltou a colocar reservas à capacidade de recuperação dos impostos diferidos registados no balanço, que passaram de 833 milhões para 868 milhões. E os alertas não ficaram por aqui: “Tendo por base as projeções apresentadas pela administração, a entidade não demonstra capacidade para gerar resultados tributáveis suficientes que permitam recuperar parte substancial dos ativos por impostos diferidos registados”. E acrescenta ainda que os valores apresentados no balanço em 31 de dezembro de 2020 e em 31 de dezembro de 2019 “encontram-se sobreavaliados por um montante materialmente relevante, a magnitude do qual não estamos em condições de quantificar, dada a incerteza inerente às projeções dos resultados tributáveis”.

Recorde-se que em 2019 apresentou perdas de 408,8 milhões de euros, sobretudo devido ao reforço das imparidades para o Banco Montepio, que comparam com lucros de 1,6 milhões de euros de 2018. Um dos pontos de discórdia tem estado relacionado com o facto de o presidente da Mutualista querer reforçar os fundos para atenuar os prejuízos dos exercícios. Uma situação que voltou a repetir-se.

A auditora colocou também reservas em relação à continuidade da atual administração. “Estas condições indiciam que existe incerteza material relacionada com a continuidade», refere o documento a que o i teve acesso, acrescentando ainda que «a continuidade das operações encontra-se dependente, nomeadamente, da concretização do Plano de Ação e Orçamento para 2021, aprovado pelo conselho de administração em 9 de dezembro, tendo presente o atual contexto desfavorável, associado aos eventuais impactos da pandemia”.

Estas incertezas surgem numa altura em que a Mutualista terá de convocar a Assembleia Geral para proceder à votação do novo regulamento eleitoral da Associação Mutualista Montepio, e o i sabe que o atual presidente da associação tem estado a tentar criar consensos internos para se apresentar às eleições. S.P.P.