China. Desde a Grande Fome que a população não crescia tão pouco

Queda no crescimento é justificada pela má abordagem social e fracos incentivos à natalidade.

O país mais populoso do mundo, a China, registou o crescimento mais lento da sua população desde o início dos anos 1960, quando a Grande Fome provocou dezenas de milhões de mortes. O abrandamento está a levantar dúvidas sobre o futuro da sua capacidade económica.

Segundo a contagem realizada pelos censos, a China conta com uma população de cerca de 1,4 mil milhões de habitantes, representando um crescimento de 5,38% face ao número registado em 2010. Entre 2000 e 2010 a população chinesa tinha aumentado 5,85%.

Analistas não se mostraram surpreendidos com a redução do crescimento populacional, aliás, segundo escreve o Guardian, até esperavam que fosse anunciada uma redução ainda maior. A China “não abordou adequadamente os fatores sociais por trás da baixa natalidade, incluindo casamentos com idades mais avançadas, alto custo de vida e mobilidade social estagnada”, escreve o jornal inglês.

Especialistas indicam ainda que o declínio na população chinesa poderá ter repercussões drásticas na economia do país e na maneira como é encarada por outras nações, nomeadamente os Estados Unidos da América, o principal ‘adversário’ ocidental no contexto geopolítico internacional.

Existem preocupações entre os legisladores chineses que o país esteja já a enfrentar um declínio irreversível da população sem antes ter acumulado a riqueza típica de um país membro da G7, grupo dos países mais industrializados do mundo, indica a Reuters.

Estas notícias podem levar o governo chinês a adotar novos incentivos para os casais passarem a ter mais filhos e a aumentar a idade para a reforma, fixada nos 60 para os homens e 55 para as mulheres nas últimas quatro décadas.

Esta medida poderá significar que a força laboral mais jovem do país não consegue suportar a reforma dos trabalhadores mais velhos na idade atualmente estipulada, alertou um investigador associado ao governo.

Em 2015, o Partido Comunista Chinês anunciou o fim da apelidada “política de um só filho” – uma medida de controlo populacional que estava a ser posta em prática desde 1970, e que impunha sanções aos casais que tivessem mais de um filho.