Bruxelas. Economia portuguesa deverá crescer 3,9% em 2021

Ministro das Finanças já reagiu às novas previsões e garante que “estamos a aproximar-nos a passos largos do fim do túnel”. 

A Comissão Europeia reviu em baixa o crescimento económico esperado para Portugal este ano, apontando agora para 3,9%, quando em fevereiro esperava 4,1%. Os números foram avançados nas previsões económicas de primavera e vão ao encontro do que já tinha sido estimado pelo Banco de Portugal (BdP) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, está uma décima abaixo dos 4% esperados pelo Governo e acima dos 3,3% do Conselho das Finanças Públicas (CFP) e dos 1,7% da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O ministro das Finanças português reagiu às novas estimativas e deixou uma garantia: “Estamos a aproximar-nos a passos largos do fim do túnel”, disse João Leão que se mostrou confiante que Portugal irá apresentar um crescimento “muito forte”. 

De acordo com Bruxelas, a economia portuguesa irá crescer novamente a partir do segundo trimestre de 2021, à medida que as medidas para conter a pandemia de covid-19 são gradualmente relaxadas”, refere o documento, acrescentando que o PIB português deverá chegar ao seu nível pré-crise “a meio de 2022” (ano em que a Comissão Europeia espera um crescimento de 5,1%), algo ajudado pelo Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), uma previsão mais otimista do que a do Governo, que aponta para o final do próximo ano. “A projeção tem em conta um forte crescimento do investimento, ajudado pelo desenvolvimento do MRR. Assume-se que a recuperação no turismo ganhará velocidade no terceiro trimestre de 2021, mas não se espera que o setor tenha atingido o seu nível pré-pandemia no final do horizonte de projeções”, ou seja, em 2022.

Mas admitiu que os riscos para Portugal continuam a existir, devido à “alta dependência do turismo externo, onde a incerteza acerca do caminho para a recuperação permanece alta”, apontado também que “tanto as exportações como as importações deverão crescer a níveis altos durante o horizonte de projeções, devido sobretudo a efeitos na indústria das viagens”.

Raio-x

Feitas as contas, o “setor externo deverá ter uma contribuição positiva para o crescimento do PIB em 2021 e 2022”, e a balança corrente também deverá melhorar, mas “permanecerá ligeiramente negativa”, dado que o fluxo líquido de receitas do turismo “deverá permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia”. Já em relação à taxa de desemprego mostra-se mais otimista ao apontar agora para uma meta de 6,8%, quando em novembro do ano passado previa 7,7%.

Ao mesmo tempo, piorou em duas décimas as previsões para o défice português, esperando um saldo negativo das contas públicas de 4,7% este ano, mas melhorou as da dívida pública em três pontos percentuais, para 127,2%.

Para 2021, o documento prevê um crescimento do investimento total de 4,6% e uma inflação de 0,9%.

A Comissão Europeia reviu em alta o ritmo da recuperação da economia europeia, estimando para este ano um crescimento de 4,3% na zona euro e de 4,2% na União, e de 4,4% em ambas em 2022. Há três meses, a Comissão, apontando que a economia europeia permanecia “nas garras da pandemia da covid-19”, estimava que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro crescesse 3,8% e o da União Europeia 3,7%, tendo então agora melhorado em ambos os casos as previsões de crescimento em meio ponto percentual.