“O Governo português atual rege-se pelos princípios da ilusão fiscal e da dispersão”, critica Cavaco Silva

Cavaco Silva acusa Executivo socialista de alimentar “monstro” da despesa pública. 

Aníbal Cavaco Silva criticou duramente a política económica do Governo socialista. As declarações do antigo primeiro-ministro do PSD e ex-Presidente da República foram feitas durante uma entrevista ao podcast ‘Défice de Atenção’, dos estudantes do Católica Lisbon Economics Club, que foi divulgada esta sexta-feira.

“O governo português atual rege-se pelos princípios da ilusão fiscal e da dispersão. Nesse sentido, criou uma multiplicidade de impostos adicionais, derramas, taxas que não são taxas tudo de modo a que os cidadãos não se apercebam que estão a ser tributados e assim obter receitas para financiar o 'monstro'", disse Cavaco Silva. “Como se costuma dizer, o governo tributa 'tudo o que mexe'”, acrescentou.

Cavaco Silva avisa que “Portugal corre o risco de continuar a ser ultrapassado em nível de desenvolvimento pelos países de Leste Europeu”.

O antigo Presidente da República critica ainda o Executivo de António Costa por falhar “e continua a falhar pela ausência de reformas” para o “aumento da produtividade e da competitividade externa das empresas”.

Cavaco lembra como a fábrica da AutoEuropa foi atraída para Portugal depois de o país conquistar “a confiança dos mercados e dos investidores” com as reformas que fez nas décadas de 1980/1990, quando era primeiro-ministro. Para o antigo chefe de Estado, o mesmo não está a acontecer com o PS e António Costa.

Para Cavaco, o sistema fiscal “não é transparente, não é competitivo e não é estável”, está “sujeito a variações arbitrárias por parte dos decisores políticos”, a justiça “é pouco eficaz e impera a incerteza jurídica” e a “burocracia é desesperante e desencoraja os investidores”.

"O governo da geringonça, ou melhor, os governos da geringonça, têm projetado a imagem de que o poder político interfere na vida das empresas e têm projetado a imagem de que Portugal, o governo português, é hostil em relação às grandes empresas", considerou.