Diagnósticos voltam a subir em Lisboa, Alentejo e Algarve

Última semana inverteu tendência de descida de diagnósticos que durava há mais de um mês, sem subida de testes. 

Na última semana voltaram a ser diagnosticados mais casos de covid-19 no país, com o aumento das infeções detetadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Apesar de não terem sido feitos mais testes do que na semana anterior, os dados disponibilizados pela Direção Geral da Saúde, que o i analisou, mostram que na última semana se inverteu uma descida nos diagnósticos que já durava há mais de um mês. Segundo os dados disponibilizados pela DGS, o Instituto Ricardo Jorge já está a calcular de novo um RT de 1 a nível nacional, quando deixa de haver uma tendência de descida de casos, mas estes cálculos são feitos com o desfasamento de mais de uma semana. Nos últimos dias, a tendência foi de novo crescente. Embora a maioria das infeções estejam a ser diagnosticadas em pessoas mais novas, houve um aumento dos diagnósticos entre os septuagenários.

Ao todo foram diagnosticados 2641 casos de covid-19 no país, contra 2282 na semana anterior, uma subida de 15%. Foi a primeira semana aliás em que houve um desvio das projeções do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, que apontavam para uma redução continuada dos diagnósticos ao longo deste mês. Em termos de testagem, não se pode dizer que tenha aumentado e que isso explique serem apanhados mais casos: pelo menos até sábado tinham sido feito menos 50 mil testes do que nos mesmos dias da semana anterior, uma descida de 18%. Foi a terceira semana consecutiva em que os testes diminuíram.

Mais diagnósticos a Sul

Ainda assim, o aumento de diagnósticos não foi transversal a todo o país. A região Norte e a região Centro mantiveram a descida de diagnósticos, com a região de Lisboa e Vale do Tejo, o Alentejo e o Algarve a registarem aumentos de diagnósticos. No balanço por município disponibilizado pela DGS na semana passada já era possível constatar que a maior subida na incidência a 14 dias tinha sido no município de Vendas Novas mas que também concelhos como Lisboa, estando abaixo do patamar dos 120 casos por 100 mil habitantes, tinham registado mais casos.

Na análise dos diagnósticos por região, é possível constatar que o Norte permaneceu a região com mais casos diagnosticados na última semana (948), mas foram ligeiramente menos do que os diagnosticados na semana anterior (-3%).

Na região Centro foram diagnosticados 235 casos, quando na semana anterior tinham sido 268. Na região de Lisboa e Vale do Tejo os diagnósticos aumentaram 33% – foram diagnosticados 854 casos na semana passada contra 640 na semana anterior. No Alentejo foram diagnosticados 114 novos casos, contra 73 na semana anterior. Também no Algarve houve um um aumento de 25% nos diagnósticos, de 141 casos para 171 na última semana. Recorde-se que o último ponto de situação por região feito pelo Instituto Ricardo Jorge na semana passada mostrava que o Algarve era a única região com o índice de transmissão acima de 1, com tendência crescente de casos, mas isso já será atualmente também a situação de Lisboa. E não reflete ainda a semana passada, em que os ajuntamentos nos festejos do título do Sporting levaram alguns especialistas a alertar para o possível aumento de diagnósticos ao longo desta semana.

Maioria jovens

Analisando os dados que a DGS disponibiliza por faixa etária, conclui-se que apesar do aumento de casos na semana passada houve menos diagnósticos no grupo dos maiores de 80 anos, em que têm vindo a ser diagnosticadas menos infeções ao longo do tempo. Este foi o primeiro grupo etário a ser abrangido pela vacinação. No grupo etário dos 70 anos, que agora também já tem maioritariamente a primeira dose da vacina, houve em contrapartida um aumento de diagnósticos na semana passada, com 153 casos diagnosticados mas entre sexagenários contabilizaram-se menos casos. É na população em idade ativa que se concentram a maioria dos diagnósticos, com jovens entre os 20 e os 29 anos com a maior fatia de novos casos (18%).

Esta semana o Governo vai analisar o ponto de situação com 12 concelhos que na semana passada ficaram sinalizados por registarem mais de 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias. A manter-se esta tendência de subida de diagnósticos, mais concelhos poderão vir a ser sinalizados e alguns poderão recuar no processo de desconfinamento. Os dados que a DGS divulgou na sexta-feira mostram que, entre os 12 concelhos em risco, Castelo de Paiva, Montalegre e de novo Odemira eram os que registavam incidências mais elevadas atendendo à sua população, sendo que Albufeira estava também entre os concelhos com mais de 120 casos por 10 mil habitantes que mais tinham aumentado a incidência de uma semana para a outra. Arganil, onde o Governo decidiu recuar no desconfinamento, era o concelho com maior incidência a 14 dias por 100 mil habitantes. A DGS ainda não esclareceu se mantém a autorização de público no Rali Portugal num concelho que na semana passada registava mais de 800 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, o que a autarquia relaciona com um surto em contexto escolar, mantendo os planos para autorizar público.