O início da retoma do turismo

Uma semana de boas notícias para o Algarve e para o turismo em geral com a chegada de turistas, com a aprovação do Certificado Verde Digital e com a aceleração da vacinação. Junta-se o anúncio do plano para salvar o setor de mais de 6 mil milhões que é visto com bons olhos.

O início da retoma do turismo

A tão esperada ‘lufada’ de ar fresco para o turismo chegou esta semana a Portugal. A retoma do tão importante mercado externo começou a acontecer e o turismo tem agora motivos para voltar a sorrir depois de meses sem qualquer proveito.

Uma das regiões mais requisitadas do país ao nível turístico – o Algarve – contou na passada segunda-feira com a chegada de mais de cinco mil britânicos mas os números têm crescido e vão continuar a crescer.

«O primeiro dia marcou o reinício e foi um momento que correu muito bem não só na procura se fez sentir daquele que é o nosso principal mercado emissor de turistas externo que é o Reino Unido com 17 voos para começar a semana como também tivemos oito voos de outras origens europeias», começou por explicar ao Nascer do Sol, João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

E se a primeira semana já correu bem, as perspetiva para o futuro são já as melhores. «A semana decorreu de forma muito positiva no sentido em que as taxas de ocupação dos aviões foram boas, considerando que estamos no arranque de operações que estavam há muito interrompidas e sobretudo porque está previsto para o fim de semana um acréscimo substancial no número de passageiros desembarcados, esperando que do Reino Unido possa subir de oito para nove mil passageiros por dia já a partir de amanhã e durante o fim de semana», disse o responsável.

Mas as boas notícias não se ficam por aqui. É que, este fim de semana marca também o início do período de interregno das atividades letivas no Reino Unido. «Os britânicos e sobretudo as famílias – que são aquelas que normalmente mais procuram o Algarve – fazem normalmente férias antes do verão. Há uma expectativa bem fundada para que estas próximas duas semanas tenham um desempenho ainda melhor», disse João Fernandes. 

E as boas notícias desta semana não se ficam por aqui. Depois de Inglaterra ter colocado Portugal na lista verde, a Escócia seguiu o mesmo caminho e «também a Irlanda do Norte já veio confirmar a mesma posição». Resultado: «Está composto o rol das nações que compõe o Reino Unido como oportunidades para as viagens para o Algarve que é o destino preferido não só pela época do ano mas habitualmente dos turistas destas origens». 

Acelerar a vacinação
Acelerar a vacinação no Algarve – ou para os trabalhadores do setor do turismo – era algo que vinha sendo pedido pelos representantes dos vários setores. E, esta semana, o pedido foi ouvido e aprovado. «Esta semana a task force decidiu acelerar a vacinação no Algarve que é um sinal também muito positivo que se dá do ponto de vista da procura externa mas também obviamente da segurança daqueles que recebem, dos residentes do Algarve», acrescenta João Fernandes.

E este passo positivo junta-se ainda a aprovação do Certificado Verde Digital. «Finalmente os estados-membros aceitaram este caminho e consolidaram esta opção. Igualmente também definiram regras para viagens não essenciais enquanto o certificado verde não está preparado». felicita o responsável que não tem dúvidas que este é um importante e forte passo para a retoma turística. 

Face a tudo isto, o presidente do Turismo do Algarve não tem dúvidas que esta é uma semana «que realmente tem boas notícias». E  João Fernandes diz que «a atenção que os media espanhóis deram a Portugal e ao Algarve em concreto é reveladora da notoriedade que hoje Portugal e o Algarve têm neste mercado de proximidade e sobretudo em dois planos: por um lado a capacidade de preservar a segurança no que respeita à pandemia e, por outro, o especial apelo e encanto de um território com diferentes ofertas onde os espanhóis são especialmente bem recebidos».

Por isso, defende, a imagem «com que nos brindam os espanhóis, é muito favorável». «Quando falamos em resiliência do setor e dos destinos turísticos regionais, temos sempre que nos lembrar que sempre em alturas de crise são os mercados de proximidade que fazem algum efeito tampão à queda da procura externa. Assim aconteceu na crise de 2001, na de 2009 e, assim acontece também nesta crise pandémica. O mercado nacional e o mercado transfronteiriço espanhol estão claramente a ajudar a que o impacto não seja, apesar de tudo, tão grave quanto poderia ser uma ausência total de procura», garante.

Salvar turismo com um plano de mais de 6 mil milhões
E agora que o turismo tem as portas abertas para começar a recuperar, o Governo quer dar uma ajuda. O ministro da Economia apresentou esta sexta-feira o plano Reativar o Turismo/Construir o Futuro, que prevê um investimento de 6112 milhões de euros no setor turístico português para ultrapassar a meta de 27 mil milhões de euros de receitas turísticas em 2027. «O nosso objetivo é chegarmos a 2027 no nível que projetámos em 2017. Em 2017 projetámos um ritmo de crescimento da receita turística que atingisse 27 mil milhões de euros em 2027. A crise podia-nos deixar abaixo deste objetivo. O nosso plano visa colocar-nos nesse nível e até, se possível, superá-lo», garantiu Pedro Siza Vieira.

Desse valor, a maior parte, no total de 4075 milhões de euros, será assegurada pelo Banco Português do Fomento, que canalizará três mil milhões de euros para apoios às empresas e 1075 milhões para o seu financiamento.
No ano passado, o setor sofreu violentamente o impacto da pandemia e, com este plano, o Governo espera que em 2023 se chegue aos níveis de 2019 e «acelerar a partir daí» até 2027. «O que vamos fazer terá maior incidência no setor do turismo. Há mais setores afetados, mas o turismo terá um apoio mais efetivo», garantiu, acrescentando que se baseia em quatro pilares: apoiar as empresas, fomentar a segurança, gerar negócio e construir o futuro.

Mas falamos de que medidas? O primeiro e principal objetivo é apoiar as empresas, ajudando-as a gerir o fim das moratórias e continuar a ter acesso a liquidez. Aqui, o Governo estima as necessidades em cerca de três mil milhões de euros. No entanto, Siza Vieira advertiu que o valor não é fixo e que será ajustado consoante as necessidades das empresas.

O Governo espera ainda investir na estratégia operacional de recuperação do turismo cerca de 300 mil euros.
Uma das novidades é a chegada do IVAucher que já constava no Orçamento do Estado para 2021 mas ainda não tinha sido lançado. Arranca a 1 de junho, pretende incentivar o consumo e vai permitir que os portugueses acumulem o IVA de uma despesa como ‘crédito’ que poderão descontar numa outra compra. O Governo prevê que esta medida permita aos contribuintes acumular, através do IVA, um crédito de cerca de 200 milhões de euros.

Das várias novidades do plano faz ainda parte o investimento em formação e qualificação dos trabalhadores do setor do turismo.

Na apresentação do plano, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques defendeu que «vivemos tempos difíceis, mas mostramos que não baixamos os braços», acrescentando que, apesar das quebras de faturação, existiu um «esforço coletivo». Para Rita Marques, «este é um virar de página» e este plano «que visa acelerar a competitividade do setor».

Opinião partilhada por Siza Vieira: «O impacto violento podia deitar muita coisa a perder, por isso fizemos um investimento muito importante para permitir que no momento em que se retomasse a atividade, tivéssemos a capacidade de a ela responder».

Sobre estes apoios, João Fernandes não tem dúvidas de que são «um excelente sinal do Governo português». E detalha o caso algarvio. «Queria salientar um investimento de cerca de 250 milhões de euros para um programa de requalificação e valorização da oferta do Algarve. Tínhamo-nos batido por esta aposta. Tem uma dotação robusta e vai no sentido que realmente temos vindo a defender», defendeu ao Nascer do Sol.