Montepio: Mutualista com novas regras

Regulamento eleitoral trouxe mudanças: votos passam a realizar-se online e o conselho de administração perdeu a exclusividade da Lista A.

Duas assembleias-gerais da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) depois, só há duas certezas: a par do voto eletrónico – até aqui era possível votar na sede ou por correspondência –, a lista que terá o apoio da atual administração vai deixar de ter a designação de Lista A. Isto significa que as letras passam agora a ser atribuídas às listas que se candidatarem a órgãos sociais por sorteio.

Tal como o i avançou, o atual presidente da associação tem estado a tentar criar consensos internos para se apresentar às eleições. Se até ao momento Lima já obteve o acordo de Maria de Belém Roseira para encabeçar a lista para a Assembleia de Representantes, tentou fazer o mesmo com António Bagão Félix, mas o ex-ministro declinou o convite. Apesar das questões recentemente levantadas pela ASF relativamente à falta de adequação de Idália Serrão para manter a responsabilidade dos pelouros Financeiro e de Contabilidade, Lima mantém a confiança na administradora militante do PS.

Entretanto, irá surgir uma lista que irá contar com vários nomes que fizeram parte ou apoiaram as listas da oposição a Tomás Correia nas últimas eleições. Entre eles estará Miguel Coelho, antigo administrador da Mutualista, que deverá encabeçar a candidatura, a que se junta Fernando Ribeiro Mendes – que concorreu ao último ato eleitoral – assim como Pedro Corte Real. «O contínuo agravamento da crise financeira e de governo da AMMG torna cada vez mais difícil conceber e implantar soluções suscetíveis de a reparar sem que decorram graves e penosas consequências para a sua independência e para a situação dos seus associados e trabalhadores», afirma este grupo.

Contas agravaram

Já as contas de 2020 não foram aprovadas nas últimas assembleias-gerais e só serão analisadas a 9 de junho.
Recorde-se que, a entidade liderada por Virgílio Lima apresentou 18 milhões de euros de prejuízo no ano passado. Tal como o i já tinha avançado, os resultados mostraram ainda divergências com a auditora PwC. No documento, a que o i teve acesso, o auditor volta a colocar reservas à capacidade de recuperação dos impostos diferidos registados no balanço, que passaram de 833 milhões para 868 milhões. O Nascer do Sol sabe que sem os impostos diferidos, os capitais próprios seriam de 500 milhões negativos.

A agravar ainda mais esta situação está o facto de o banco Montepio ter passado de lucros a prejuízos de 15,9 milhões de euros nos três primeiros meses do ano e passou a operar abaixo do rácio de capital exigido pelo Banco de Portugal – desceu para 13,4%, abaixo dos 13,938% exigidos pelo regulador, conforme requisitos mínimos prudenciais de fundos próprios da instituição financeira, publicados em 17 de março de 2020.

Tal como o i avançou, o Banco Montepio passa a ser assim o único do sistema financeiro português a operar abaixo dos requisitos de capital regulamentares. Uma situação que obrigaria a Associação Mutualista a levar a cabo um aumento de capital se não fosse a pandemia, uma vez que houve uma suspensão temporária das de supervisão prudencial sobre os requisitos de capital.