ONG quer que polícia brasileira seja investigada por “abusos dos direitos humanos” numa operação que matou 28 pessoas

Uma operação contra o tráfico de droga, levada a cabo a 6 de maio, provocou a morte a 28 pessoas: 27 moradores da favela, incluindo um adolescente de 16 anos, e um agente da polícia.

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch afirmou, esta segunda-feira, que o Ministério Público brasileiro deve investigar os “polícias civis” e os “comandantes” envolvidos numa operação contra o tráfico de droga na comunidade de Jacarezinho, no norte do Rio de Janeiro, no início do mês.

A operação, levada a cabo a 6 de maio, provocou a morte a 28 pessoas: 27 moradores da favela, incluindo um adolescente de 16 anos, e um agente da polícia.

"A operação no Jacarezinho foi um desastre e trouxe muita dor aos familiares dos 28 mortos, incluindo o polícia", afirmou José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW), defendendo que o “o Ministério Público do Rio de Janeiro deveria investigar minuciosamente não apenas os polícias civis diretamente envolvidos na incursão, mas também os comandantes que planearam e ordenaram a ação, garantindo a devida responsabilização pelos abusos e aparente destruição de evidências do local dos factos”.

Segundo a HRW, foram encontradas “evidências críveis de graves abusos de direitos humanos”, após a análise de registos de ocorrência da polícia, de documentos hospitalares e judiciais e de depoimentos de testemunhas.

"Várias testemunhas disseram que a polícia executou ao menos três suspeitos; pelo menos quatro detidos disseram que foram agredidos pela polícia; e diversas evidências indicam que os policiais removeram corpos a fim de destruir provas", afirmou.

Cinco dias após a operação, a 11 de maio, o Procurador-Geral de Justiça do Rio de Janeiro anunciou a criação de um grupo de trabalho com quatro promotores para investigar as mortes.