Eduardo Cabrita nega ter dado ordens para conter PSP no Porto

Ministro da Administração Interna foi ouvido esta quarta–feira na Assembleia da República. 

O ministro da Administração Interna nega ter interferido na atuação da PSP no Porto e que o Governo tenha dado instruções para uma atuação menos musculada da polícia em relação aos adeptos ingleses.

Em declarações esta quarta-feira no Parlamento, questionado diretamente pelos deputados, Eduardo Cabrita classificou de “insidiosas mentiras” essas acusações, considerando que tal “violaria toda a autonomia técnico operacional, seria uma falta de respeito, de uma força a que é reconhecida a nível europeu a sua capacidade neste domínio”. Para o governante, a “PSP adoptou a resposta adequada e é uma infâmia ser porta-voz da mentira de que o ministro dá instruções sobre como esta força deve intervir”.

Em declarações ao i este domingo, um operacional do corpo de intervenção, sob reserva de anonimato, testemunhou que houve ordens superiores aos elementos no terreno para que se deixasse os adeptos aproveitar, beber e contribuir para a economia portuguesa, sem atuar perante a falta de máscara, por enquanto obrigatória na via pública quando não há distanciamento, o que foi desde logo patente nos grupos que andaram sem máscara. “Nem sabíamos como atuar, pois a nossa principal preocupação era não aparecer. Só o podíamos fazer quando alguém estivesse em perigo de vida”, afirmou a mesma fonte, relatando:_“nunca vimos nada assim”.

Na audição no Parlamento, Eduardo Cabrita foi criticado pela direita e apoiado pelo PS. O deputado socialista José Magalhães respondeu aos sociais-democratas, questionando o que teriam feito com os ingleses: “Repetia o episódio dos secos e molhados, a cena do bloqueio da ponte 25 de Abril ou proibia a entrada em Portugal dos adeptos”, questionou.

Eduardo Cabrita foi ouvido na  comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Na intervenção inicial, destacou a redução do nível de criminalidade, sinistralidade rodoviária e incêndios no último ano, marcado pela pandemia, ao que o PSD, pela voz do deputado Carlos Peixoto, considerou que deve ser atribuído à própria situação pandémica: “os carros estiveram encerrados nas garagens” e o confinamento manteve mais pessoas em casa. “Não há mesmo volta a dar, o senhor ministro não dá sossego aos portugueses ou tem um azar patológico ou é um masoquista ou tem um jeito enorme para estar na berlinda geralmente por más razões. Se acha que aquilo que se passou no fim de semana no Porto nada teve a ver consigo porque houve outros colegas do Governo que lhe aliviaram a carga está enganado”, atirou Carlos Peixoto. Eduardo Cabrita considerou uma falta de respeito desvalorizar “resultados objetivos” e ripostou: “É de facto desesperante o estado em que se encontra o PSD face aos melhores resultados de sempre em matéria de segurança interna, quer na área da criminalidade, incêndios rurais, segurança rodoviária, matéria sanitária”, afirmou o ministro da Administração Interna.