MeToo à portuguesa

Se o #MeToo já pareceu exagerado nos EUA, imagina-se por cá… há dias, num programa da Televisão, umas senhoras defendiam que todo o charme feito a uma mulher, independentemente de partir de um superior hierárquico a usar a sua posição profissional, fosse considerado assédio, e como tal perseguido por lei.

por Pedro d'Anunciação

Já Eça de Queirós dizia que os portugueses copiavam mal as modas do estrangeiro: por exemplo, quando os homens começavam a usar umas botas mais suavemente pontiagudas, por cá elas apareciam com umas frentes desproporcionadamente grandes, e umas biqueiras excessivas.

Se o #MeToo já pareceu exagerado nos EUA, imagina-se por cá… há dias, num programa da Televisão, umas senhoras defendiam que todo o charme feito a uma mulher, independentemente de partir de um superior hierárquico a usar a sua posição profissional, fosse considerado assédio, e como tal perseguido por lei.

Vale a pena referir que tais senhoras pensavam, ou admitiam vagamente, que os homens também pudessem ser vítimas desse assédio. Eu que o diga, que estive quase a ser posto na rua de uma casa, por rejeitar uma menina à noite, com o respectivo barulho ampliado pelo sossego da noite. Embora tudo aquilo me parecesse disparatado.

E embora as propostas mais radicais partissem de senhoras feiosas, havia uma engraçada naquele debate a rir-se para todos os lados. Mas ria de quê? Imaginemos, pelo melhor, que ria das enormidades ali ouvidas das bocas de algumas companheiras de painel, embora infelizmente na altura (talvez pela minha indignação geral, que era acompanhada pela indignação da minha mulher e de algumas filhas) não me tivesse parecido apenas isso.